Minhas verdades através dos livros
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Gênero – Poesia

Edição – 3a.  –  58 páginas
Autor – Isaac Rocha
Ilustração da capa – Luiz de França
Sinopse – Vida d’amor – Isaac Rocha
Livro de poesias com apresentação de Graça Grauna e Michael Zaidan Filho. Nas palavras da primeira, “o autor procura abordar os problemas que atingem , em cheio, as chamadas minorias menores e maiores abandonados, missionários(as) que saem pelo mundo promovendo a paz, desempregados e retirantes nordestinos, negros pobres e outros marginalizados.””Isaac Rocha de Lima é ator e autor e diretor de várias peças teatrais encenadas na Região Metropolitana do Recife e Mata Norte do Estado de Pernambuco. É graduado em história pela UFPE – Universidade Federal de Pernambuco, especialista em Ensino das Artes e das Religiões e é pesquisador apaixonado das manifestações folclóricas do nordeste brasileiro. (…) Desenvolve alguns trabalhos voluntários em algumas comunidades carentes da região, montando e construindo junto com o povo, folguedos populares. Publicou livros e livretos dentre os quais destacam-se:

  1. Participação com a poesia intitulada PAZ no livro Neco Trauner (Em Brasilianinisches Kinderschicksal de Maria Armanda Capelão. Organização Martin Backhouse Selbstverbag, Nurnberg, 1995
  2. Shmerzon des Lebens (livro com desenhos e ilustrações) – Dores da vida – Alemanha, 1996
  3. Livro de poesias intitulado Vid’amor 1991/1997/2006
  4. Co-autor do Palco da História exercícios de interferência histórico dramático literário coordenado pelo professor Michael Zaidan Filho
  5. Literatura de Cordel: Festa do Boi Bumbá (Meu Bumba-meu-Boi Bumbá) 2001/2002/2006 e o Bumba da Ilha 2006 em parceria com o artista plástico Lui França.
E outros. Enfim, Isaac Rocha é um incansável lutador e defensor  da cultura que emerge das veias culturais da nossa gente, da vida que se fortalece a partir da partilha, da solidariedade, da justiça e da paz.”
(Texto extraído da contracapa do livro)
 
As poesias são simplórias e sem muita riqueza, embora bem construídas. Boa parte delas sem rimas, o que, no meu sentir, empobrece o estilo e enfraquece a força das palavras. O estilo poético, considero, é peculiar, singular e, cercado de regras e obrigações. Apenas exemplificando, transcrevo a seguir a primeira estrofe de uma dessas “poesias” do autor:
Invocação
“Essa poesia eu fiz
Numa pequena colina
Colhendo esperança
Só pensando em você.”
 
A poesia exige uma rima. Versos soltos, sem candência, melodia, deixa o leitor como se estivesse, ainda esperando o fim. Como esta, muitas outras, embora não todas, padecem do mesmo vício.
Fiquei com uma certa restrição em virtude de algumas falhas pois, se há uma coisa que me deixa irritado numa leitura são erros da língua. O livro traz algumas ilustrações bem apropriadas que enriquecem a poesia tornando-o assim, uma obra de arte como denuncia a própria capa que mostra a pintura de uma bela paisagem do campo.
 
O livro é maculado por diversas falhas de revisão que comprometem o seu valor.
Enumero:ERROS_EM_LIVROS
 
1. Poesia A paz pg. 19
2a estrofe

“suas lutas, suas dores
são um convite à paz
mesmo no sangue que escorre
explodi um grito de paz.”
DEVERIA SER – EXPLODE UM GRITO DE PAZ
 
2. Poesia Encontro pg. 24
3a. estrofe:
“Encontrei vocë, parte tão verdadeiramente minha,
que a muita sonhava e imaginava no meu jardim,
no meu palácio real.”
DEVERIA SER  – QUE HÁ MUITO SONHAVA E IMAGINAVA…
3. Poesia Um novo amanhecer pg. 34
último verso
“Para que a humanidade, na sua inteireza,
possa acordar para a vida
e sinta um novo amanhecer de amor e paz.”
DEVERIA SER – E SENTIR UM NOVO AMANHECER DE AMOR E PAZ.
livro_com_erro2

4. Poesia Herói bandido pg. 45

9o. verso
“Quem se lança para acudi o ferido?”
DEVERIA SER – QUEM SE LANÇA PARA ACUDIR O FERIDO?
5. Texto A missionária da paz e do negro luz pg. 46
Primeiro parágrafo, duas últimas linhas
“Ele tudo desculpa, tudo crer, tudo suporta.”
DEVERIA SER – ELE TUDO DESCULPA, TUDO CRÊ, TUDO SUPORTA.
O título, não tenho muita certeza mas, acredito, que deveria ter um hífen em negro-luz. Mas, como não tenho certeza, prefiro não apontar como erro.
6. No mesmo texto, há uma citação de Exupèry que não condiz com o que o autor farncês escreveu. Considero esta falha, MUITO GRAVE pois, atribui-se a alguém, algo que nós estamos escrevendo. e, embora este seja um texto de uma carta recebida, não deveria ter sido publicada com esta falha. Exupèry nunca escreveu que “O homem compra tudo, mas como  não compra amigo, o ser humano está só.” Isto é um pecado mortal. Inadmissível.
O que no livro “O Pequeno Príncipe” Antoine de Saint-Exupèry escreveu foi: “Os homens não têm mais tempo de conhecer coisa alguma. Compram tudo prontinho nas lojas. Mas como não existem lojas de amigos, os homens não têm mais amigos.” É  MUITO DIFERENTE!!!
7. Poesia Eu quero viver pg. 49

ERROS_EM_LIVROS3
Última estrofe
“Eu quero viver
Tenho direita a vida, quero mais justiça
Pra poder viver.”
DEVERIA SER – TENHO DIREITO À VIDA, QUERO MAIS JUSTIÇA
Alem do erro no gênero (direito, ao inves de direita, há a falta da crase!!!
Sem contar as vírgulas ou pontos depois de pontos de exclamação e até pontos, ao invés de interrogação.  Isto numa primeira edição, seria até tolerável. Tratando-se de uma terceira, não é sequer justificável. É um desrespeito ao leitor.
Do livro destaco um texto que é quase um verso, elegia ao amor, à vida e a não violência. Intitulado “Em prol da vida e contra a violência”, o autor discorre sobre o jovem que sofre, sem um lugar ao sol que lhe é negado até numa placa de estacionamento. Belo texto! Confira uma pequena amostra:
“O jovem não finge. É que ele o é, apenas sem ser. Porque ser jovem sem pai, sem mão, nem mãe, nem lei, nem lar… Isso lá é ser jovem?!”
O livro termina com uma poesia pobre em construção literária. Um bela mensagem, embora.
Missionário é como intitula-se, a mensagem final do autor. Nela ele demonstra, seu imenso desejo de modificar o mundo tornando o povo liberto de suas amarras e sofrimentos.
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