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capa_bartyraArquitetura dos sentidos, Ed. Novo Horizonte, Bartyra Soares,  Recife-PE, 2012, 89p [Livro de poesias].

Bartira Soares é pernambucana de Catende. É a filha caçula do contista Pelópidas Soares. Passou sua infância e adolescência em sua cidade natal mudando-se definitivamente para Recife em 1984.

Seu primeiro poema, composto aos seis anos, foi publicado no suplemento infantil do Diario de Pernambuco e seu primeiro livro – Enigma, foi publicado em 1976. Publicou mais nove livros entre 1980 e 2008, sendo sete de poesias e dois de contos, um deles editado com outros três contistas. Teve seus textos incluídos em dezenas de antologias, dentre as quais, Poésie du Brésil, publicada em Paris, França. Seus poemas já foram publicados em diversas revistas e jornais recifenses, centro-oeste, sudeste e sul do país.

Como contista e poetisa já conquistou 14 prêmios literários. Tem duas obras ainda inéditas: “Recife em tom menor” [poesia] e “Inexatidão do tempo” [contos].

bartyra[Texto adaptado do conteúdo das ‘Notas bibliográficas da autora’ contido no livro]. Alem das notas bibliográficas, o livro oferece nas suas orelhas e contracapa, nove depoimentos de pessoas ilustres sobre a autora dentre as quais, Fátima Quintas e Raimundo Carrero que tecem fervorosos elogios à autora. José Paulo Cavalcanti Filho diz que ela tem o “estranho dom de enfeitiçar”. Marcus Accioly afirma que “sua poesia é luminosa, risca-se em fósforo”. Ângelo Monteiro nos conta que “a poesia de Bartyra Soares comove e impressiona, porque nada nela é ocasional e, sim, inseparável de uma arquitetura que, marcada principalmente por uma poderosa sombra, responde por todos os sentidos de sua existência.”

Infelizmente, a única foto que consegui dela foi uma miniatura que consta na orelha de seu livro.

Em suma, Bartyra Soares é um ícone da poesia na visão de outros ícones.  Não a conhecia, até, casualmente, encontrar seu livro na Livraria Cultura, ao procurar um livro de Fernando Pessoa para presentear uma amiga. O título e a capa me atraíram e resolvi comprá-lo para conhecer o seu trabalho. Não me arrependi. O livro é um primor. Muito bem elaborado, com uma linguagem correta e figuras de linguagem rebuscadas e surpreendentes como por exemplo, “treliça do tempo” [em Palpitar da saudade] ou “trazer o horizonte à gula dos desejos” [em Interioridades] ou ainda em “… teu sorriso pousou – claro alfenim de ternura na minha face de ânsia e saudade.” [em Sonho de um breve encontro]

O livro inicia com um prefácio de Ângelo Monteiro que escreve brilhantemente muitas verdades sobre a poetisa e, logo a seguir, uma belíssima dedicatória da autora a pessoas de sua estima e carinho.

Do famoso Mário Quintana, a poetisa escolhe os versos a seguir para introduzir-se no mundo dos versos.

“… E não-sei-quê de mais sutil
nessas velhas casas,
como, em nós, a presença invisível,
da alma… Tu sabes
a pena que me dá as crianças de hoje!
Vivem desencantadas como uns órfãos:
as suas casas não têm porões nem sótãos,
são  umas pobres casas sem mistério.
Como pode nelas vir morar o sonho?”
Mário Quintana

O conteúdo das poesias é dividido em três partes – Vibrato das Águas, Canções a Capela e Arquitetura dos Sentidos. As suas poesias são harmoniosas e encantadoras. Embora não tenham rimas, o tom poético se manifesta nas belísimas figuras de linguagem que ela, tão brilhantemente coloca conforme já citadas. A cada nova poesia lida é um revelar de sentimentos traduzidos em sua bela linguagem. Dela fiquei fan e logo procurarei conhecer suas outras obras. A poesia intitulada “Apelo” é um verdadeiro hino ao amor. E, como demonstração do que afirmo, transcrevo a seguir sua primeira estrofe.

marcador-bartyra“Vem!
Traz-me a serenidade de tua voz.
Somente ela reconstituirá em mim
a certeza de que ainda serei
capaz de dedilhar nas cordas
da luz um prelúdio de Chopin.”

O livro vem acompanhado de um belíssimo marcador cuja foto disponibilizo. Posso dizer que este, juntamente com Versilêncios de Gerusa Leal, é um dos melhores livros que li este ano. Mereceu cinco estrelas.

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