Minhas verdades através dos livros
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 Bartyra Soares

A poetisa Bartyra Soares, acaba de lançar seu mais novo livro no mercado. Recife em tom menor é uma obra composta por 40 poemas com o tema Recife, e 14 fotografias do jornalista e fotógrafo Marcus Prado que ilustram o livro contendo 103 páginas numa primorosa edição da Companhia Editora de Pernambuco – CEPE.

Recife recebeu dois presentes. Um em 1984, quando Bartyra resolveu sair de sua cidade natal e vir morar nesta cidade tão encantadora e, ao mesmo tempo, tão cheia de mazelas. O segundo neste ano de 2017 com o lançamento deste livro que homenageia esta cidade que lhe acolheu.

Fotografia de Marcus Prado

Recife em tom menor

O novo trabalho da Imortal Bartyra Soares, a poetisa e escritora de Catende – PE, está dividido em duas partes. A primeira contendo 24 poemas com a temática Recife, e a segunda seis, todos relativos ao Capibaribe, rio que banha a capital pernambucana e já serviu de inspiração para muitos outros poetas. Manoel Bandeira, João Cabral de Melo Neto, Olegário Mariano e outros. Até Dom Helder já escreveu poesia sobre este rio que embeleza o Recife. Que já lhe causou muitos danos mas também lhe empresta uma beleza singular ao correr por seus bairros como uma criança a brincar, se esgueirando em suas pontes.

Clique na imagem para ampliá-la Fotografia de Marcus Prado

Dados técnicos do livro

Recife em tom menor, Bartyra Soares, Fotografias – Marcus Prado, prefácio Luzilá Gonçalves Ferreira, Recife, CEPE, 2017, 103 p. ISBN – 978-85-7858-440-5

Minhas impressões registradas no Skoob

Sobre o livro, durante a leitura, assim me expressei no Skoob, a maior rede social para leitores do Brasil: Um livro realmente ótimo, como todos os de Bartyra. Ela consegue exprimir suas idéias com uma graça singular. Um exemplo disso são os versos da poesia que abre o livro – Ciranda recifense.

“As pontes dão as mãos aos bairros
e eis que começa a ciranda do Recife (…)”

“Pontes dão as mãos aos bairros”. Que bela imagem para dizer que as pontes ligam os bairros. Esta e outras imagens poéticas utilizadas por Bartyra nesta obra, valorizam muito o seu brilhante trabalho. E, ao finalizar a leitura, assim escrevi naquele espaço: Um encanto este último lançamento de Bartyra. Um livro de poemas líricos e cheio de imagens poéticas riquíssimas, o que valoriza muito a publicação. Já citei a que inaugura o livro fazendo sua abertura. Agora citarei a que encerra com chave de ouro, esta belíssima obra da poetisa pernambucana e Imortal da Academia Pernambucana de Letras, Bartyra Soares.

Da segunda parte do poema Toada do Capibaribe – Autorretrato

” (…) Sou chuva escorrendo deitada
escombro de nuvem
pássaro de asas alquebradas
que não mais possui o céu.”

Alem desta, quero citar ainda outra outra imagem belíssima construída nesta obra por Bartyra. Isto sem falar nas fotografias encantadoras de Recife, do fotógrafo e jornalista Marcus Prado, e que ilustram o livro. Do poema Reflexões do Capibraibe III.

” (…) Enquanto isso a batida dos remos
dos barqueiros noturnos cortam as estrelas
que tremulam nas minhas águas de verão.”

A apresentação

Com uma apresentação de Gil Vicente, o famoso artista plástico recifense, o livro se inicia, após uma bela imagem do fotógrafo, associada a um poema de Joaquim Cardoso. Ele oferece ao leitor um rico texto sobre as imagens de Marcus Paulo que ilustram o livro, ressaltando a raridade atual de quem dirige a objetiva de sua câmera para a captação “daquilo que vê o caminhante”.  Segundo ele, embora nos dias atuais a fotografia esteja muito mais difundida que há alguns anos, cerca de 60% delas, estão com as lentes voltadas para quem está com a câmera na mão. Seja uma câmera propriamente dita ou um celular ou um tablete. São as famosas selfies, largamente praticadas na atualidade.

O lamentável nesta apresentação, é que o pintor usa o substantivo POETA como se fosse comum de dois gêneros, isto é, palavras em que o feminino e o masculino são idênticas, como é o caso de artista, por exemplo. Mas neste caso não é, embora algumas pessoas insistam em afirmar que sim. POETISA é o feminino de POETA. E isto não é uma opção. É imperativo.  Infelizmente, Cecília Meireles usou esta construção uma vez, para si, no poema Motivo. E isto fez com que muita gente quisesse imitá-la. Mas, é bom lembrar, que os poetas gozam de uma prerrogativa denominada licença poética. Esta lhe dá o direito de ferir certas regras do bom português. Entretanto, isso só acontece quando no exercício de seu ofício, isto é, só na construção de um poema. Mas neste caso, a despeito de muitos afirmarem que poeta pode ser comum de dois gêneros, continuarei afirmando: O feminino de poeta é poetisa. Não aceito a tentativa de mudar isso. Sei que a língua evolui mas, neste caso, para mim, mulher que constrói versos continuará sendo POETISA.

O prefácio

O prefácio é da poetisa Luzilá Gonçalves Ferreira, famosa feminista, também pernambucana, da Cidade das Flores, Garanhuns. Ela oferece ao leitor em pouco mais de quatro páginas, um interessante jogo de palavras, aproveitando as construções poéticas da autora ao longo do livro. E encerra sua participação nesta obra com a sublime construção a seguir.

” Com este livro, o Recife deve a Bartyra Soares o ter transformado em belas palavras e fantásticas fotos o que de si mesmo só pode ser dito e visto em tom menor. Que é o tom da melancolia, da tisteza sufocada, da nostalgia que não sabe seu nome. Mas que a voz do eu lírico e da arte fotográfica transformam em canto: discreto e comovente. ”

Fotografia – Marcus Prado

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