Uma postagem para recordar (Cinema de Arte Coliseu)
Recordando…
Quero hoje postar uma coisa diferente, recordando os velhos tempos. Meu saudosismo levou-me a cascavilhar (há quanto tempo que não vejo esta palavra!!!) minhas velharias e encontrei um verdadeiro tesouro! Creio que poucas pessoas devem ter algum desses impressos. São do antigo Cinema de Arte Coliseu.
Para quem não sabe, ali na frente da Padaria Cidade Jardim, na Estrada do Arraial, 2466, Tamarineira, Recife – PE, havia um cinema chamado Coliseu. Na década de 60 no século passado (parece ser tanto tempo mas nem é tanto assim…) este cinema foi transformado em um Cinema de Arte permanente. Uma grande conquista para a Capital Pernambucana. Creio que no Brasil, houve pouquíssimos cinemas de arte permanentes. Pois bem, aqui em Recife, tivemos este privilégio. E eu estava lá na primeira sessão naquela memorável noite.
O Cinema de Arte Coliseu
O Cinema de Arte, foi fundado aqui em Recife por um grupo de jornalistas. Nunca pesquisei sobre isso mas, acredito que estavam neste grupo Fernando Spencer e Celso Marconi, dois jornalistas especializados em cinema, o primeiro do Diario de Pernambuco e o outro do Jornal do Commercio.
Funcionava inicialmente, o Cinema de Arte, no Cinema São Luiz, o cinema mais chique da cidade, nas manhãs de sábado. Toda semana era um filme de qualidade que lá era exibido e eu, sempre que podia, lá estava para assistir aos filmes. Foi lá que vivi uma das experiências mais impressionantes da minha vida em termos de cinema.
Ao final da sessão, todos no cinema levantaram e bateram palmas como acontece no teatro ou num concerto, quando alguma peça agrada. O cinema estava lotado! Creio que ali cabiam mais de 500 pessoas. Pois é, todas de pé, aplaudindo “O Processo”, um filme de Orson Welles baseado na obra homônima de Kafka. Foi emocionante!
Pois bem, encontrei nos meus alfarrábios, vários impressos que eram distribuídos com os frequentadores do Cinema de Arte Coliseu e postarei aqui as capas de alguns desses folhetos.
Programação
A programação regular do cinema era constituída pela exibição de dois filmes a cada semana. Um era exibido de domingo a terça e o outro, de quarta a sábado. Sempre eram programadas mostras cinematográficas importantes como a mostra do cinema japonês, festivais de diretores famosos como Godard, festival do jovem cinema alemão, etc. Sempre era um filme de boa qualidade e eu, regularmente, estava lá em pelo menos uma vez por semana.
Para não ficar muito longo este texto, vou parar nestas três fotos. Tenho muitas outras que, gradativamente, vou postando-as aqui para recordar e também para mostrar às pessoas como era nossa cidade em termos da 7a. arte na segunda metade do século passado.
Em dezembro de 1968
Em agosto de 1968
A segunda foto corresponde ao folheto distribuído com os frequentadores do cinema no mês de agosto de 1968 com uma foto de Catherine Deneuve em “Belle de jour” de Buñuel. Naquele mês, constava na programação: “Punhos de campeão” de Robert Wise, “Quem quer matar Jessie?” de Vaglav Vorlisek, “Bonequinha de luxo” de Blake Edwards, “A bela da tarde” de Luis Buñuel, “Sete dias de maio” de John Frankenheimer, “A grande ilusão” de Robert Rossen, “Paraíso do pecado” de Edith Carlmar e “Toda donzela tem um pai que é uma fera” de Roberto Farias.
Em setembro de 1968
A última foto corresponde ao folheto distribuído com os frequentadores no mês de setembro de 1968. A foto é de uma cena do filme alemão “Tatuagem”. Naquele mês, a programação constou dos seguintes filmes: “Aquele que deve morrer” de Jules Dassin, “As aventuras de Tom Jones” de Tony Richardson, “O tesouro de Sierra Madre” de Hohn Huston, “Crime de amor” de Rex Endsleigh, a semana do jovem cinema alemão com os filmes (um por dia): “Tatuagem” de Johannes Schaal, “Despedida de ontem” e “Anita G”, ambos de Alexander Kluge, “Ele” de Ulrich Schamoni, “Refeições” de Edgar Reitz, “Cavaleiro bravo S. A.” de Franz-Josef Spieker, “Novamente todos os anos” de Ulrich Schamoni e “O jovem Toerless” de Volker Schloendorf.
Observações
Obs1. o termo “cascavilhar”significa buscar, remexer tentando encontrar alguma coisa.
Obs.2 – o termo alfarrábio significa livro antigo e de leitura cansativa e é empregado para denominar anotações antigas, guardados antigos.
Não tens nenhuma foto da frente do Predio do Cinema? Quem era dono do cinema eram tres portugues, Irmãos Amorim, Antonio, Américo .
e João foi inaugurado em 1958
Infelizmente não consegui Antonio. Não foi por não buscar. Agradeço pelo seu comentário.
Eu morava pertinho do coliseu. Tb estive na sessão inaugural do cinema de arte. Tenho 70 anos , faco 71 em 01 de abril. Ainda recentemente conversei com um dos filhos de seu Americo um dos portugueses dono do cine coliseu. Lembramos dos bons tempos das matinês do coliseu éf tb do cinema de arte.
Tenho uma foto do Coliseu, mesmo quase encoberto pelas águas da cheia de 75, mas está bem nítida.
Tenho uma foto do Coliseu, mesmo quase encoberto pelas águas da cheia de 75, mas está bem nítida.
Lello Vasques, se você puder compartilhar com os outros, publicarei sua foto, fazendo alusão à sua titularidade com prazer. Basta enviar para o email do blog. Tem este email em várias partes do blog, inclusive numa página específica para contato. Agradeço pelo seu contato.
Ubatuba, SP
01 de julho de 2021
José Jorge Barbosa, 60 anos
Saudações, meu caro Alberto Valença
Estou encantado com o precioso trabalho de resgate da memória do nosso povo, da nossa maravilhosa cidade de RECIFE.
Hoje, estou distante de minha cidade natal, mas sempre carrego comigo todos os sentimentos e experiências que vivi em tantos lugares do Recife, entre as quais, estão o circuito de cinemas da cidade.
Incluindo principalmente os cinemas de bairros.
Eu morava em Beberibe e frequentava todos os cinemas da região norte, entre os quais, os cinemas de Casa Amarela, eram tantos… O Coliseu era um deles. Não tive a felicidade de conhecê-lo nós áureos tempos, mas desfrutei também de bons momentos.
Mais uma vez, quero agradecer-lhe e parabenizá-lo por esse precioso trabalho de valorização de nossa memória cultural.
Tem tanto para ser mostrado…
Um forte abraço para você e também para os saudosistas, que assim como eu, descobriram essa oportunidade para recordar as passagens de nossas vidas.
Sucesso e felicidades!!!
Na década dos anos 1970 fui frequentador assíduo do Coliseu. Vivi fortes recordações ali. A mais impressionante foi vencer a cheia de 1975. Passei na frente do Coliseu com meu fusca, enquanto dezenas de carrões estancavam e ameaçavam boiar. O meu fusca parecia um “cururu” e seguia, toc-toc-toc, vencendo a corrente. Eu olhava pro Coliseu e dizia: “Isso é cena de cinema!”.
Na década dos anos 1970 fui frequentador assíduo do Coliseu. Vivi fortes recordações ali. A mais impressionante foi vencer a cheia de 1975. Passei na frente do Coliseu com meu fusca, enquanto dezenas de carrões estancavam e ameaçavam boiar. O meu fusca parecia um “cururu” e seguia, toc-toc-toc, vencendo a corrente. Eu olhava pro Coliseu e dizia: “Isso é cena de cinema!”.
Que show Claudio. Também tive um fusca nessa época. Comprei-o exatamente um ano antes dessa cheia. Agradeço pelo seu comentário. Volte mais vezes.