Não tens nenhuma foto da frente do Predio do Cinema? Quem era dono do cinema eram tres portugues, Irmãos Amorim, Antonio, Américo .
e João foi inaugurado em 1958
Uma postagem para recordar (Cinema de Arte Coliseu)

Recordando…
Quero hoje postar uma coisa diferente, recordando os velhos tempos. Meu saudosismo levou-me a cascavilhar (há quanto tempo que não vejo esta palavra!!!) minhas velharias e encontrei um verdadeiro tesouro! Creio que poucas pessoas devem ter algum desses impressos. São do antigo Cinema de Arte Coliseu.
Para quem não sabe, ali na frente da Padaria Cidade Jardim, na Estrada do Arraial, 2466, Tamarineira, Recife – PE, havia um cinema chamado Coliseu. Na década de 60 no século passado (parece ser tanto tempo mas nem é tanto assim…) este cinema foi transformado em um Cinema de Arte permanente. Uma grande conquista para a Capital Pernambucana. Creio que no Brasil, houve pouquíssimos cinemas de arte permanentes. Pois bem, aqui em Recife, tivemos este privilégio. E eu estava lá na primeira sessão naquela memorável noite.
O Cinema de Arte Coliseu
O Cinema de Arte, foi fundado aqui em Recife por um grupo de jornalistas. Nunca pesquisei sobre isso mas, acredito que estavam neste grupo Fernando Spencer e Celso Marconi, dois jornalistas especializados em cinema, o primeiro do Diario de Pernambuco e o outro do Jornal do Commercio.
Funcionava inicialmente, o Cinema de Arte, no Cinema São Luiz, o cinema mais chique da cidade, nas manhãs de sábado. Toda semana era um filme de qualidade que lá era exibido e eu, sempre que podia, lá estava para assistir aos filmes. Foi lá que vivi uma das experiências mais impressionantes da minha vida em termos de cinema.
Ao final da sessão, todos no cinema levantaram e bateram palmas como acontece no teatro ou num concerto, quando alguma peça agrada. O cinema estava lotado! Creio que ali cabiam mais de 500 pessoas. Pois é, todas de pé, aplaudindo “O Processo”, um filme de Orson Welles baseado na obra homônima de Kafka. Foi emocionante!
Pois bem, encontrei nos meus alfarrábios, vários impressos que eram distribuídos com os frequentadores do Cinema de Arte Coliseu e postarei aqui as capas de alguns desses folhetos.
Programação
A programação regular do cinema era constituída pela exibição de dois filmes a cada semana. Um era exibido de domingo a terça e o outro, de quarta a sábado. Sempre eram programadas mostras cinematográficas importantes como a mostra do cinema japonês, festivais de diretores famosos como Godard, festival do jovem cinema alemão, etc. Sempre era um filme de boa qualidade e eu, regularmente, estava lá em pelo menos uma vez por semana.
Para não ficar muito longo este texto, vou parar nestas três fotos. Tenho muitas outras que, gradativamente, vou postando-as aqui para recordar e também para mostrar às pessoas como era nossa cidade em termos da 7a. arte na segunda metade do século passado.
Em dezembro de 1968
Em agosto de 1968
A segunda foto corresponde ao folheto distribuído com os frequentadores do cinema no mês de agosto de 1968 com uma foto de Catherine Deneuve em “Belle de jour” de Buñuel. Naquele mês, constava na programação: “Punhos de campeão” de Robert Wise, “Quem quer matar Jessie?” de Vaglav Vorlisek, “Bonequinha de luxo” de Blake Edwards, “A bela da tarde” de Luis Buñuel, “Sete dias de maio” de John Frankenheimer, “A grande ilusão” de Robert Rossen, “Paraíso do pecado” de Edith Carlmar e “Toda donzela tem um pai que é uma fera” de Roberto Farias.
Em setembro de 1968
A última foto corresponde ao folheto distribuído com os frequentadores no mês de setembro de 1968. A foto é de uma cena do filme alemão “Tatuagem”. Naquele mês, a programação constou dos seguintes filmes: “Aquele que deve morrer” de Jules Dassin, “As aventuras de Tom Jones” de Tony Richardson, “O tesouro de Sierra Madre” de John Huston, “Crime de amor” de Rex Endsleigh, a semana do jovem cinema alemão com os filmes (um por dia): “Tatuagem” de Johannes Schaal, “Despedida de ontem” e “Anita G”, ambos de Alexander Kluge, “Ele” de Ulrich Schamoni, “Refeições” de Edgar Reitz, “Cavaleiro bravo S. A.” de Franz-Josef Spieker, “Novamente todos os anos” de Ulrich Schamoni e “O jovem Toerless” de Volker Schloendorf.
Observações
Obs1. o termo “cascavilhar”significa buscar, remexer tentando encontrar alguma coisa.
Obs.2 – o termo alfarrábio significa livro antigo e de leitura cansativa e é empregado para denominar anotações antigas, guardados antigos.