Walter Hugo Khouri – Direção

Walter Hugo Khouri foi um diretor e roteirista brasileiro que se projetou mundialmente com suas produções intimistas e, posteriormente, também com incursões no mundo do erotismo. Ao longo de sua vitoriosa carreira realizou vinte e cinco longas entre 1953 e 1999, isto é, de quase cinquenta anos como cineasta e roteirista. Faleceu aos 73 anos em São Paulo, sua cidade natal, em 2003.

Seu último filme foi Paixão Perdida (1999), com Antonio Fagundes, Maitê Proença, Milla Christie, Paula Burlamaqui.  Embora este não tenha sido o último filme seu que foi lançado. Em 2001 houve o lançamento de As Feras, de um filme seu que foi produzido em 1998.

Principais prêmios de Walter Hugo Khouri

Ao longo de sua vitoriosa carreira, Khouri conquistou inúmeros prêmios, merecendo destaque as três Corujas de Ouro, instituídas pelo Instituto Nacional do Cinema nos anos 1966, 1967 e 1972 pelos filmes Corpo ardente, As amorosas e As deusas. respectivamente. Além destes, conquistou nada menos que dez prêmios Saci nas categorias de argumentista, roteirista, diretor, produtor e montador, pelos filmes O Estranho Encontro, Na garganta do diabo, O gigante de pedra, A ilha, Noite vazia, Corpo ardente. Conquistou ainda doze vezes o Prêmio Governador do Estado de São Paulo como argumentista, roteirista, diretor e produtor, pelos filmes O estranho encontro, Noite vazia, O corpo ardente, A ilha, Fronteiras do inferno, Paixão e sombras, O último êxtase, O palácio dos anjos e As amorosas. E ainda, dezenas de outros prêmios que deixo de citar aqui para não ocupar tanto espaço.

Walter Hugo Khouri é uma figura icônica do cinema brasileiro. Considerado o Antonioni ou o Bergman brasileiro. Este filme foi realizado, não sem motivo, dois anos após a trilogia da incomunicabilidade do mestre italiano. ao contrário dos outros diretores nacionais da época, como Glauber Rocha, Nelson Pereira  dos Santos ou Cacá Diegues, participantes do Movimento do Cinema Novo Nacional, influenciados pela Nouvelle Vague francesa, que usavam cenários do nordeste, da seca, da aridez, do sofrimento, da fome, Khouri se expressava por personagens ricos, bem vestidos, e de uma metrópole cosmopolita como São Paulo. Seu filme anterior, A Ilha, se desenrola num iate com pessoas riquíssimas.

Sobre este filme

Antes deste Noite Vazia, Khouri realizou cinco filmes que relaciono a seguir. Esta é portanto, sua sexta realização como diretor.

1953 – Gigante de Pedra
1958 – Fronteiras do Inferno
1958 – Estranho Encontro
1960 – Na Garganta do Diabo
1962 – A Ilha
1964 – Noite Vazia

O filme narra a história de dois amigos, que em busca de prazer, contratam os serviços de duas prostitutas. Após uma noite repleta de luxúria, aos poucos todos vão revelando suas angústias e aflições, culminando em sentimentos de tédio e amargura.

Para Kouri Noite Vazia é a representação de um “funeral da caça ao prazer e à evasão”.¹

Meus comentários e opinião sobre o filme

É, sem dúvida, um dos filmes mais polêmicos de Walter Hugo Khouri. Há quem o odeie e há quem o exalte às alturas. Não vou nem tanto ao mar, nem tanto ao chão. Não se pode discutir que se trata de um filme muito intimista e de profunda análise psicológica dos personagens. Tampouco se contesta o fato de ser o filme brasileiro com melhores closes da história do cinema. Em particular, as cenas com Norma Benguell na cama, onde a câmera de Rudolf Icsey que valoriza, e muito, este filme com seu trabalho, capta o tremendo vazio daquela mulher tão bela e tão sofrida.

Para mim não chega a ser uma obra-prima, mas mereceu quatro estrelinhas.

Dados técnicos do filme

Direção – Walter Hugo Khoury
Produção – Brasil
Ano de lançamento – 1964
Argumento e roteiro Walter Hugo Khoury
Fotografia Rudolf Icsey
Música Rogério Duprat, executada pelo Zimbo Trio
Montagem Mauro Alice
Realização – Kâmera Filmes e Vera Cruz
Fotografia – Preto e Branco
Duração do filme – 1 hora e 33 min

Elenco e personagens

Norma Bengell (Mara), Odete Lara (Cristina), Mário Benvenutti (Luís), Gabriele Tinti (Nelson)
e ainda: Lisa Negri, Marisa Woodward, Anita Kennedy, Ricardo Rivas, Célia Watanabe, Wilfred Khouri, Júlia Kovach, David Cardoso, Laura Maria.

 

Nota

1 – AZEREDO, Ely. Na Procura de um Extase um Jogo sem Vencedor. [Recorte sem identificação, p. 542/11, do acervo da Cinemateca Brasileira].