Grito de guerra da mãe tigre – Amy Chua (livro)
Sinopse
A minha relação com o livro de Amy Chua
Estilo e conteúdo
Bem, mas o livro de Amy Chua é uma autobiografia, como já escrevi antes, que relata a relação da autora com suas duas filhas – Lulu e Sophia, seu marido Jed e as demais pessoas ao seu redor, com destaque para a irmã Katrin, que tem um câncer. É uma publicação da Editora Intrínseca e a edição lida foi a do ano 2011. A tradução é de Adalgisa Campos da Silva. Amy Chua é uma professora de direito sino americana da Universidade de Yale nos E.U.A. Tem duas filhas, Louisa (Lulu) e Sophia. É casada com um judeu chamado Jed que também é professor. Ela tem três irmãs mais novas,Katrin, Cynthia e Michele.
O livro é composto por 34 capítulos e mais 2 adicionais totalizando 236 folhas. No primeiro capítulo a autora expõe as características de uma mãe chinesa evidenciando as diferenças entre os orientais e ocidentais. Cada um dos três seguintes são dedicados a Sophia, Lulu e os Chua respectivamente e o seguinte é dedicado à decadência das gerações onde a autora expõe, na visão dela, a negação de um velho provérbio chinês: “A prosperidade nunca pode durar três gerações”. Esta é a razão por que ela dedica-se tanto à educação das filhas, para que elas não façam parte de uma geração derrotada uma vez que elas são exatamente a terceira geração onde a prosperidade iniciou a partir dos seus pais que imigraram para os E.U.A. onde ela e as irmãs nasceram e, posteriormente, suas filhas.
Características
Trata-se de uma obra divertida, emocionante, surpreendente e muito verdadeira. Ninguém chega à perfeição sem muito treinamento, dedicação e empenho. Por este motivo, Amy Chua exige tantas renúncias das filhas para poderem se dedicar ao estudo de um instrumento musical por no mínimo duas horas por dia, todos os dias da semana, inclusive sábados e domingos e sem excluir também as férias, mesmo quando viajando.
Lulu que estuda violino não tem dificuldades a enfrentar para levar dentro de uma malinha que pode ser levada na bagagem de mão no avião seu violino mas Sophia, que estuda piano, precisa que a mãe se mobilize sempre que chegam em algum lugar para descobrir onde encontrar um piano para ser utilizado nos treinamentos diários. Quando não os encontra no hotel onde se hospedam, busca em algum lugar que possa alugar pelo período necessário.
Destaque do livro de Amy Chua
Da narrativa do livro eu destaco como ponto alto a redação de Sophia feita no colégio onde estuda após a sua aprovação para participar do Carnegie Hall intitulada “A conquista de Julieta” que transcrevo a seguir.
“Eu acabara de tocar as últimas notas de “Julieta menina”, e o estúdio do subsolo estava num silêncio sepulcral. O professor Yang me olhava. Eu olhava para o tapete. Minha mãe escrevia furiosamente em nosso caderno de piano.
Revisei mentalmente a peça. Seriam as escalas ou os saltos? Eu acertara todos eles. A dinâmica ou o tempo? Eu observara a cada retardo. Ao que me constava, minha interpretação fora impecável. Então, o que havia de errado com aquelas pessoas, e o que elas poderiam querer de mim?
Afinal o professor Yang falou:
– Sophia, qual é a temperatura dessa peça?
Fiquei sem palavras.
– É uma pergunta delicada. Vou facilitar as coisas. Considere a ação intermediária. De que cor é?
Percebi que tinha que dar uma resposta.
– Azul? Azul-claro?
– E qual a temperatura do azul-claro?
Essa era fácil.
– Azul-claro é frio.
– Então deixe a frase ser fria.
Que tipo de instrução era aquela? O piano é um instrumento de percussão. Temperatura não faz parte da equação. A melodia delicada não me saía da cabeça. “Pense Sophia!” Eu sabia que era o tema de Julieta. Mas quem era Julieta e de que maneira ela era “fria”? Lembrei-me de algo que o professor Yang mencionara na semana anterior: Julieta tinha catorze anos, exatamente como eu. Como eu agiria se um belo rapaz mais velho de repente declarasse seu eterno amor por mim? Bem, pensei com meus botões, ela já sabe que é desejável, mas também está lisongeada e confusa. Está fascinada por ele, mas é também tímida e teme parecer ávida demais. Esta era uma frieza que eu conseguia compreender. Respirei fundo e comecei.
Espantosamente o professor Yang ficou satisfeito.
– Melhor. Agora toque de novo, mas dessa vez ponha Julieta em suas mãos, não em suas expressões faciais. Aqui, assim… – Ele tomou meu lugar ao banco para demonstrar.
Nunca hei de me esquecer como ele transformou a pequena melodia. Era Julieta exatamente como eu a visualizara. Sedutora, vulnerável, meio blasé. O segredo, como comecei a me dar conta, era deixar a mão refletir o caráter da peça. A do professor Yang estava em concha, formando uma tenda. Ele manipulava os sons das teclas. Seus dedos eram firmes e elegantes como pernas de bailarina.
– Agora você – ordenou ele.
Infelizmente, Julieta era só metade da peça. A página seguinte trazia um personagem novo: Romeu, movido a testosterona e doente de amor. Ele apresentava um desafio completamente diferente. Seu tom era tão rico e musculoso quanto o de Julieta era etéreo e esguio. E, obviamente, o professor Yang tinha mais perguntas com as quais precisava me debater.
– Sophia, seu Romeu e sua Julieta parecem iguais. Por que instrumentos eles são tocados?
Não entendi. “Ih, piano?” pensei com meus botões.
O professor Yang prosseguiu.
– Sophia, esse balé foi composto para uma orquestra inteira. Como pianista, você precisa reproduzir o som de todos os instrumentos. Então qual é Julieta, e qual é Romeu?
Atônita, toquei os primeiros compassos de cada tema.
– Juleta é… flauta, talvez, e Romeu é… violoncelo?
Afinal Julieta era fagote. Mas eu estava certa quanto a Romeu. No arranjo original de Prokofiev, o tema dele é tocado pelo violoncelo. Sempre tive mais facilidade para entender o personagem de Romeu. Não sei bem porquê. Definitivamente não era inspirada na vida real. Talvez eu apenas sentisse pena dele. Obviamente ele estava condenado e perdidamente apaixonado por Julieta. A mais leve sugestão do tema dela o deixava implorando de joelhos.
Enquanto Julieta me escapou durante muito tempo, sempre soube que poderia captar Romeu. Suas mudanças de humor exigiam algumas técnicas diferentes. Às vezes ele era sonoro e confiante. Aí, apenas alguns compassos depois, estava desesperado e suplicante. Tentei treinar minhas mãos como o professor Yang disse. Era bastante difícil ser um soprano e uma primeira bailarina para Julieta. Agora eu tinha que tocar piano como um violoncelista.”
A conclusão, assim como no livro, será guardada para outra ocasião. No livro, esta conclusão é apresentada dois capítulos depois. Aqui no blog, deixarei a curiosidade para servir de incentivo aos leitores a verificarem no livro ao lerem-no.
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