Meu pé de laranja lima [ livro ]
- By : Alberto Valença Lima
- Category : Minhas verdades através dos livros
- Tags: José Mauro Vasconcelos, Meu pé de laranja lima
Um livro que marcou muito minha adolescência e que emociona ainda hoje.
Sinopse – “O menino Zezé, filho de uma família muito pobre, cria um mundo de fantasia para se refugiar de uma realidade exterior áspera. Assim é que um pé de laranja-lima se torna seu confidente, a quem conta suas travessuras e dissabores. No hostil mundo adulto ele encontra amparo e afeto em algumas pessoas, sobretudo em Manuel Valadares, o Portuga, uma figura substituta do pai. A vida, porém, lhe ensina tudo cedo demais.”(Fonte – texto extraído do próprio livro)
As conversas de Zezé com o tio Edmundo, seu carinho por Godóia, que era como ele chamava a irmã Glória, as aventuras com Manuel Valadares, o Portuga que ele vem a conhecer e que se torna como um pai para Zezé, as confidências e descobertas compartilhadas com o pé de laranja lima do quintal de sua casa… tudo no livro é um turbilhão de emoções e sentimentos.
A história foi adaptada para TV e também para o cinema. O livro foi traduzido para vários idiomas e foi um boom literário no seu lançamento tendo vendido nos primeiros meses mais de 200 mil exemplares.
José Mauro Vasconcelos foi um pobre como Zezé, sendo o livro uma espécie de autobiografia do autor. Nasceu no Rio de Janeiro, em Bangu em 1920 e faleceu em 1984 em São Paulo. De família nordestina que migrou para o Rio de Janeiro, José Mauro teve que mudar-se para Natal, onde foi criado pelos tios. Ingressou no curso de Medicina na capital potiguar, abandonando-o no segundo ano para voltar ao Rio e tentar melhores condições para ele e os pais. Tenta várias profissões como carroceiro, treinador de boxe, modelo, garçom, ator, professor, escritor.
Do livro, destacaria algumas frases de rara beleza:
1. “Como eu não podia cantar por fora, fui cantando por dentro.”
2. “Ela riu de dentro da sua tristeza.”
3. “Matar não quer dizer a gente pegar o revólver de Buck Jones e fazer bum! Não é isso. A gente mata no coração. Vai deixando de querer bem. E um a dia a pessoa morre.”
4. “A vida sem ternura não é lá grande coisa”.
5. “A Fábrica era um dragão que todo dia comia gente e de noite vomitava o pessoal muito cansado.”
6. “Você é malvado, Menino Jesus. Eu que pensei que você ia nascer Deus essa vez e você faz isso comigo? Por que você não gosta de mim como dos outros meninos? Eu fiquei bonzinho. Não briguei mais, estudei as lições, deixei de falar palavrão. Nem bunda mais eu falava. Por que você faz isso comigo, Menino Jesus? Vão cortar o meu pé de Laranja Lima e nem por isso eu me zanguei. Só chorei um pouquinho… E agora… E agora…”
7. “A casa foi-se vestindo de silêncio como se a morte tivesse passos de seda.”
8. “Foi então que aconteceu uma coisa linda. A rua se movimentou para me visitar. Esqueceram que eu era o diabo em figura de gente.”
9. “A verdade, meu querido Portuga, é que a mim, contaram as coisas muito cedo.”
Esse livro é mesmo extraordinário. Li ele há alguns anos atrás e esse ano li novamente. Chorei demais!