Silêncio das velas vivas [Livro]
- By : Alberto Valença Lima
- Category : Minhas verdades através dos livros
- Tags: Bartyra Soares, Contos, Raimundo Carrero, ternura
Silêncio das velas vivas, Bartyra Soares, Editora Novo Horizonte, 128p., 2008.
Livro de contos da poetisa Bartyra Soares, de quem já fizemos comentários aqui neste blog sobre dois outros livros seus, ambos de poesias – “Arquitetura dos sentidos” e “Ciclo das oferendas“. Todos dois figuraram no Top 10 das leituras de 2014. (Link para as postagens nos títulos dos livros).
Silêncio das velas vivas, apresenta 22 contos bem curtos com o prefácio do consagrado escritor pernambucano Raimundo Carrero, que discorre, em quatro páginas e meia, sobre a ternura de Bartyra Soares.
Como destaca Raimundo, duas coisas chamam a atenção nesta obra: a ternura e a paz que Bartyra empresta aos seus personagens, e a presença feminina nos contos apresentados, o que não é uma coisa muito comum. Quase todas as histórias, giram em torno de personagens femininos.
Eu destacaria uma terceira: a impecável revisão do livro. Não encontrei nem uma falha sequer. Isso é raro nos dias atuais, pois tenho lido muitos livros com falhas na revisão. Alguns com tantas, que chegam a comprometer a obra.
Bartyra Soares é conhecida pela sua capacidade em externar sua ternura e, neste livro em particular, ela consegue emprestar aos seus pesonagens, grande dose desta forma de encarar a vida como já se mencionou. Você começará esta leitura com curiosidade e a findará com encantamento. Isso para não mencionar as inúmeras imagens poéticas, de infinita ternura e lirismo, que a autora insere nas suas narrativas.
Apenas para exemplificar, deixarei aqui algumas citações.
“Só a voz de Antoninha enchia de suavidade a rua.” (in “Antoninha”, p. 23)
“Onde e quando encontrara um silêncio daquele? Só quando ainda menino flagrara a entrega velada de uma flor ao primeiro pássaro da manhã. Naquela hora ele se fizera gesto e colhera para si a plenitude mágica daquele instante.” (in “Elos vivos”, p. 28)
“Nas mãos conduzia poeira. (…) Os pés levemente os sentia. Estavam carregados de sonhos. Seu coração era um elemento químico desconhecido. De memória também guardava a cor do tempo.” (in “Azul vermelho verde”, p. 31)
A autora aqui, repete prática semelhante, àquela que usou no “Ciclo das oferendas”, de terminar com o que inicia. O título do livro, que aparece na capa, é o título do conto que encerra a obra. Neste conto, Hermila conduz em sua bolsa, uma grande sacola, que levava livros e gatos, nas poucas vezes que ia para faculdade. Sim, isso mesmo! Gatos. Gatos que apanhava pela rua, perdidos, feridos, doentes. Finaliza o livro com uma mensagem: pode haver ternura em tudo. Mereceu quatro estrelinhas.
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