A menina que roubava livros [Livro]
- By : Alberto Valença Lima
- Category : Minhas verdades através dos livros
- Tags: Markus Zusak
A menina que roubava livros, Markus Zusak, Intrínseca, Trad. Vera Ribeiro, RJ, 2007, 500p.
Comprei este livro há mais de cinco anos e, ele ficou lá, na minha estante, esquecido. Ao comprá-lo, senti-me atraído pelo título mas, não sabia nada sobre o mesmo. Comprei logo que foi lançado, a primeira edição, com 500 páginas. Depois de algum tempo, tomei conhecimento do seu sucesso, mas nunca li nada sobre o assunto. Não tinha nem idéia sobre de que tratava o livro. E, por cerca de 4 ou 5 anos (talvez mais), ele ficou guardado sem que eu sequer olhasse pra ele.
Em 2013, quando comecei a escrever críticas sobre livros que já lera, coloquei-o como uma de minhas metas de leitura mas, só queria lê-lo, depois de assistir ao filme. No ano seguinte comecei a sua leitura mas, muito lentamente, e não fui adiante. Interrompi logo no início. Este ano retomei esta leitura e, finalmente, a concluí. Se quiser ler a crítica que escrevi sobre o filme homônimo, clique no link.
Vocês (quem ainda não o leu) poderão pensar: Este livro deve ser uma droga! Não, não é! Pelo contrário. ele é ótimo. É um livro maravilhoso! E eu, comecei esta crítica pelo seu final. Mas vamos começar outra vez.
A menina que roubava livros é ambientado na Alemanha nazista durante a Segunda Guerra Mundial. Ele inicia em 1939 e vai até 1943. Há um epílogo, no qual são mencionados alguns fatos posteriores e importantes mas, não posso falar sobre eles aqui.
Este livro, creio, ser o mais original que já li na vida. Ele é apresentado em um prólogo, que se divide em quatro capítulos, dez partes que se dividem, cada uma, em em vários capítulos, e um epílogo, que está dividido também em quatro capítulos e uma apresentação. É um livro extraordinário, inesquecível. A sua originalidade começa pela narradora: a Morte. São poucos os livros cuja narrativa é feita por ela. Tive a curiosidade de pesquisar a respeito e, só encontrei um livro onde isso acontece: As intermitências da morte (Saramago, 2005). Mesmo assim, neste livro, não é exclusivamente ela a narradora como nesta obra de Zusak e nem tampouco o é no livro inteiro. A história, é apresentada em goles que você deglute devagar. Saboreando.
Markus Zusak é um escritor australiano, que já tinha escrito quatro outros livros antes de A menina que roubava livros. Sua obra de estreia em 1999 foi O azarão. Seguiram-se Bom de briga (2000), A garota que eu quero (2001) e Eu sou o mensageiro (2004). Há um outro, que ainda não foi publicado – A ponte de Clay. Ele vive em Sidney, na Austrália, com sua esposa e filha. Gosta de surfar e assistir a filmes. É ainda muito jovem. Completará 40 anos no próximo São João, dia 23 de junho. Seu pai é austríaco e sua mãe, alemã. A idéia de escrever esta obra, segundo ele, surgiu de sua necessidade de escrever algo diferente de tudo quanto tinha escrito antes. Como ele próprio conta, a imagem de um ladrão de livros já estava em sua cabeça desde que escreveu O mensageiro. Mas ele não queria ambientar sua história em Sidney nem tampouco nos tempos atuais. Pensou então em juntar àquela imagem primitiva, o desejo de escrever sobre as coisas que seus pais tinham vivido na época da guerra em suas terras natais, Áustria e Alemanha . Aliada a tudo isso, a importância das palavras naquela época, “que ajudou as pessoas a acreditar, assim como levá-las a fazer”.
O autor conta, através da Morte, a história da vida de Liesel Meminger e as três vezes que ela se encontra com a Morte entre 1939 e 1943. Liesel, ao iniciar a história, tinha apenas 9 anos e, ao longo do livro, aprende a lidar com a morte desde os momentos iniciais da história, pois, presencia a morte do irmão, que viajava junto com ela e a mãe, para sua nova família em Molching, cidadezinha próxima de Munique, Alemanha, durante a Segunda Guerra Mundial, em 1939. Há outros personagens relevantes no livro além da Morte e Liesel, a roubadora de livros, que é como a Morte a chama. Rudy Steiner, o melhor amigo de Liesel e apaixonado por ela que não lhe dá bola, Max Vandenburg, judeu que se torna uma espécie de irmão mais velho de Liesel, Hans e Rosa Hubermann, pais adotivos de Liesel e outros, menos importantes mas, também relevantes que citarei apenas alguns como a sra. Pfiffikus, vizinha; Alex Steiner, pai de Rudy; Ilsa Hermann, mulher do prefeito; Frau Diller, lojista muito vibradora com o nazismo e, claro, também Hitler.
O autor explora a amizade, o amor, a família e até a inutilidade e despropósito da guerra. Através de Rudy, Max, Hans e Rosa e os demais, ele aborda todas essas coisas, trazendo momentos de grandes emoções. Mostra também a importância das palavras e o que pode ser feito com elas. Mostra a pureza e as travessuras da infância, mesmo numa guerra onde milhares de pessoas encontravam a morte. Oferece uma imagem surreal de uma menina que roubava livros sem sequer saber ler, digna de Pasolini ou de Visconti. Apresenta ao leitor um mundo belo, encantador, cheio de luzes e cores, mesmo que este cenário esteja sendo apresentado pela Morte. É um livro que merece uma releitura.
Realmente, o filme foi bastante divulgado e elogiado, mas ver sob a perspectiva literaria eh bem melhor, acho. Gostei do enredo e a morte como narradora, nao sabia. Nao li o livro pq depois de alguns fatos na minha vida, evito livros com muito sofrimento, mesmo que seja, como vc falou, sobre amizade tambem. Mas adorei a resenha e tambem o fato de que cada etapa eh em 4 capitulos, me parece uma inovacao! Suas resenhas sempre me ajudam bastante!
DenisesPlanet.com
Olá, Alberto.
Eu já tiver oportunidade de ler esse livro, mas acho que não foi o momento certo, porque acabei não aproveitando muito a leitura, sabe? Então pretendo ler novamente e a sua resenha me animou para isso o/
Beijos :*
Larissa – srtabookaholic.blogspot.com
Olá,
Eu sou muito suspeita para falar desse livro, eu adoro e é um dos meus livros favoritos.
Tenho um carinho imenso por esse enredo, e pela personagem principal Liesel.
Abraços.
http://www.leituradelua.com
Primeiramente quero agradecer às três pelos comentários. Denise, uma das mais assíduas de minhas leitoras, Larissa e Luana. Denise, não precisa ter receio de ler este livro pois, apesar de muitas mortes, o livro é leve. Larissa, você faz muito bem em reler o livro. Também vou fazer isso pois há muita riqueza que muitas vezes, passa despercebida. Luana, também fiquei fã de Liesel. Ela é adorável. Tanto que, até a Morte, ficou entre suas admiradoras.
Voltem sempre pois serão muito bem-vindas.
Olá! Eu não vi o filme , mas ouvi muitos elogios a respeito. Eu li o livro por indicação de uma amiga. Gostei muito da obra literária de Zusak, principalmente da dedicação de Hans e da paixão de Liesel pelas letras. Sei que alguns não gostaram, e digo isto porque escrevi sobre esse livro e vi que algumas pessoas reclamaram que não era isso tudo. Acredito que ‘A menina que roubava livros’ é um livro muito bom e que merece atenção.
Olá Amanda, agradeço pelo seu comentário. Você tem razão mas, nem sempre, todos gostam do azul por exemplo. O livro é, sem dúvida, uma obra digna de destaque mas, sempre haverá alguem descontente, por melhor que seja a obra.
Volte sempre pois você será muito bem-vinda.