Adorável vagabundo – Frank Capra [Filme online]
Direção – Frank Capra
Frank Capra foi um diretor de cinema italiano que aos seis anos migrou para os Estados Unidos com os pais e irmãos. Posteriormente, já aos 25 anos, realizava seu primeiro filme (A pensão de Fultah Fisher, 1922). Apesar disso, teve um começo de carreira difícil, ficando inclusive desempregado em 1927, após já ter realizado alguns filmes, entre outros trabalhos, inclusive de vender quinquilharias para sobreviver.
Nesse meio tempo, em 1945, recebe a medalha de “Serviços Notáveis” pelos documentários produzidos durante a Segunda Grande Guerra, conscientizando os soldados da importância de sua luta. Depois disso, chegou até a fundar uma companhia cinematográfica. Seu primeiro grande sucesso foi “A felicidade não se compra” (1946) com James Stewart. Ganhou seis Oscars da Academia, sendo dois de “Melhor filme”, três de “Melhor diretor” e um de “Melhor documentário”. Além disso, ganhou também um “Leão de Ouro” e um “Globo de Ouro” e realizou ao longo de sua vida de 94 anos, mais de trinta filmes de longa duração, dois curta metragens, vários documentários e quatro filmes para TV. É um dos diretores mais festejados das décadas de 30 e 40 do século passado.
Adorável vagabundo – Sinopse
Uma repórter (Barbara Stanwyck), após perder seu emprego, escreve sua última coluna para o jornal, inventando que recebera uma carta de um “João Ninguém” (John Doe), dizendo que se suicidará no Natal em protesto contra a corrupção e a pobreza. Dessa forma, o jornal, por sugestão da repórter, que recupera seu emprego, contrata um mendigo (Gary Cooper) para se passar pelo autor da carta, e os fatos fogem ao controle.
Dados técnicos do filme
Título original – Meet John Doe
Direção – Frank Capra
Ano de lançamento – 1941
Produção – Estados Unidos
Duração do filme – 1h e 56 min
Gênero – Comédia dramática romântico psicológica com críticas
Música – Dimitri Tiomkin
Argumento original – Robert Riskin
Elenco e personagens
Gary Cooper … John Doe / Long John Willoughby
Barbara Stanwyck … Ann Mitchell
Edward Arnold … D. B. Norton
Walter Brennan … Coronel
Spring Byington … Madame Mitchell
James Gleason … Henry Connell
Gene Lockhart … Prefeito Lovett
Rod La Rocque … Ted Sheldon
Irving Bacon … Beany
Regis Toomey … Bert Hansen
J. Farrell MacDonald … Sourpuss Smithers
Warren Hymer … Angelface (salva-vidas)
Harry Holman … prefeito Hawkins
Andrew Tombes … Spencer, do ‘Daily Chronicle’
Pierre Watkin … Hammett (chefe político)
Stanley Andrews … Weston (chefe político)
Mitchell Lewis … Bennett (líder operário)
Charles C. Wilson … como Charlie Dawson (promotor)
Vaughan Glaser … como governador Jackson
Minha opinião sobre o filme
É um filme muito agradável e emocionante. Desse modo, também muito bonito. E fala de muitas coisas: jornalismo, sujeira, corrupção, traição, amizade, lealdade, trapaças, e tantas outras.
A princípio, filme se apresenta de modo bastante emblemático: um homem com uma britadeira, destruindo, uma a uma, as letras de uma placa da sede de um jornal que mudara de direção. Na placa inicial se via: “Est 1862 – The Bullitin – A free press means a free people.”
Tradução: “Est 1862 – The Bullitin – Imprensa livre significa povo livre.”
Em contrapartida, a nova não destaca a liberdade de imprensa. Apresenta a inscrição: “The New Bullitin – A streamlined newspaper for a streamlined new age“. Traduzindo: “O novo Bullitin – Um jornal dinâmico para uma nova era”.
Segundo Sérgio Vaz no seu site “50 anos de filmes” (conheça clicando no link) do qual eu gosto muito, Barbara Stanwyck na sua biografia escrita por Jane Ellen Wayne, teria dito:
“Não existe ninguém como Frank Capra. É uma alegria vê-lo trabalhar. A gente faz outros filmes para viver, mas a gente vive para fazer um filme de Capra.”
Isso é muito forte!
Situando o filme no tempo
Mostrando assim que, a liberdade de imprensa pregada pelo antigo jornal, agora era substituída pelo sensacionalismo barato e falso da “nova era”, numa clara alusão ao nazismo que Hitler estava tentando implantar no mundo. Lembrando que o filme foi lançado em 1941, em plena Segunda Guerra Mundial, quando os alemães já tinham invadido a Europa mas os Estados Unidos estavam alheios a tudo isso. Até dezembro de 1941, com o ataque dos japoneses a Pearl Harbor matando centenas de americanos (2403), danificando todos os navios de guerra que lá estavam, afundando três deles, e muitos outros prejuízos. Nessa altura o mundo já conhecia o poderio alemão e os japoneses eram aliados.
Interpretações dos fatos do filme
Uma repórter belíssima do jornal “The Bullitin” (Barbara Stanwick) é despedida juntamente om dezenas de outros colegas, em nome da renovação, pois o jornal estava com uma nova direção e pretendia ser sensacionalista. Inconformada, ela dirige-se ao chefe (James Gleason) para suplicar sua permanência, pois ela sustentava sua mãe e duas irmãs menores. Ele, irredutível, apenas lhe diz que o jornal precisava de fogos de artifício para poder crescer e vender mais. E lhe manda retirar-se, mas não sem antes deixar sua última coluna. Era uma clara alusão ao desprezo pelos princípios de solidariedade.
A tacada de mestre
Por conseguinte, ela, indignada, resolve mostrar a ele o que são fogos de artifício. E inventa que recebera uma carta naquela manhã, de um João Ninguém que se assinava John Doe, dizendo que ficara desempregado, e, nesse sentido, para protestar contra a política torpe e as injustiças do mundo, iria pular na noite do Natal (que estava próximo) do alto do prédio da Prefeitura, que era o mais alto da cidade. A matéria causa enorme rebuliço na cidade e Connell (o chefe) coloca todo mundo em busca de Ann, que após algumas horas aparece na redação dizendo que tinha sido despedida. Mas Connell lhe cobra a carta que chegara e que era propriedade do jornal, quando Ann lhe revela que tal carta não existia, e que tinha sido inventada por ela. E que tinha na bolsa um documento assinado por ela dizendo tudo aquilo mas que não o divulgaria caso fosse readmitida e recebesse um bônus de $ 1.000 US.
O oportunismo e a política corrupta e insensível
D. B. Norton, o novo proprietário do jornal, bilionário corrupto e inescrupuloso, ainda mais fortalecido, utiliza-se do João Ninguém e de Ann Mitchell (a repórter) para fazer uma campanha publicitária em favor do totalitarismo que queria implantar nos Estados Unidos. E sem se aperceberem disso, as pessoas vão fundando centenas, milhares de comitês e clubes em favor de John Doe que se torna um mito.
Por conseguinte, a popularidade de John Doe, D. B. Norton se aproveita para difundir suas idéias e solidificar seu projeto de poder. Mas as notícias correm e rapidamente, e a farsa está prestes a ser descoberta. Antes que venha à tona o furo, Norton tira seu corpo fora. Afinal, ele é muito esperto.
Mereceu quatro estrelinhas.
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Momento em que John Doe e o Coronel fogem do assédio e se refugiam debaixo da ponte onde moravam inicialmente, junto de uma fogueira. Anteriormente estavam num hotel de luxo, e atualmente no lixo, mas recuperara sua dignidade.