Texto de um autor iniciante (Arthur Dias)

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Quero compartilhar com meus agora já 19 leitores, um texto de autoria de Arthur Dias do blog DiscoDiVinil que, pode ser visitado clicando no link para quem quiser conhecer outros textos.
Trata-se de um rapaz de apenas 18 anos que tem um talento incrível. Notem que o texto está entre aspas. Tudo foi conservado, inclusive a imagem, tal qual está postado no blog acima referido às 22h 24min (horário de Recife). Apesar de alguns erros de português, não comprometem o texto. Confiram!!!

Conto – Uma complicada simplicidade


” – Moramos juntos a quatro meses e eu ainda não disse nada. Eu queria ter a coragem de expressar aquelas três palavras que todo mundo gosta de ouvir, sabe? “Eu te amo”. Mas ela já me falou que acha isso uma babaquice, então não sei mais o que fazer, deveria riscar isso da lista?
  – Que lista cara? Você tá pirando. Olha, se você gosta dela tenta fazer uma coisa bacana. Chama ela pra algum lugar, sei lá…
  – Ok, estou ouvindo…
  Me ajeitei na cadeira.
  – Tudo bem. Chama ela pra ir ao parque, beleza? Parque de diversão é sempre romântico, vocês vão na roda gigante…
  – Não cara, ela enjoa muito fácil e tem medo de altura.
  – Então pense em algum lugar legal, mas não serve lanchonete ou cinema, isso diz que vocês são amigos, você deve escolher um lugar que diz “eu te amo”, mesmo que você não pronuncie as palavras.
  – Tá… – Ele ficou uns 40 segundos olhando por cima do meu ombro direito, para o nada, antes de continuar – O que acha do show do John Mayer? Sabia que ele vai vim tocar aqui na cidade?
  – Sabia, mas no show não dá. Tem que ser uma coisa mais simples… Como um piquenique ou então… Já sei! Leva ela em algum lugar que você goste muito. Você costumava ir em algum lugar bacana quando era criança?
  – Não velho, moramos numa cidade perigosa, minha mãe não me deixava ir nem na casa da minha avó sozinho quando era criança.
  – Poxa, mas você não conhece nenhum lugar legalzinho, sei lá… Por aqui perto mesmo.
  – Cara, se eu conhecesse algum lugar legal eu não te traria pra tomar café aqui nesse muquifo.
  – Ok, ok… a gente pode procurar então, depois que você terminar a sua torrada; aliás, como você consegue comer essa torrada com esse cheiro de alho?
  – Ela é de alho, idiota; é a melhor da cidade.
  – Não brincou quando disse que não existem lugares bacanas por aqui né…
  – O que você chama de lugar bacana? Quer dizer, onde você costumava ir antes de se mudar pra cá?
  – Bom, perto da casa de um tio meu tem um riacho com um tabladinho. Eu costumava ir lá sozinho, era o meu lugar favorito no mundo, o riacho tinha uma correnteza serena e era fundo o bastante pra molhar os joelhos…
  – Ok, só que aqui não tem riachos ou tablados, e eu também não tenho um lugar favorito no mundo onde possa levá-la.
  – Certo. – Levantei o braço e pedi a conta – Quando vinhamos da faculdade pra cá eu vi um lugar, pode ser que dê certo.
  Paguei o meu café e ele pagou sua torrada e seu chá, voltamos pelo caminho que havíamos feito até a lanchonete e paramos em frente a uma casa simples, com os dizeres em uma placa ao lado da porta: “Exposição dos Quadros Mais Bonitos da Cidade”.
  – É aqui? Tá brincando né?
  – Qual o problema? Você ainda não viu os quadros pra poder julgar.
  – É cara, mas olha a situação dessa casa, não tem ninguém visitando essa “exposição” e não estou vendo ninguém com pinta de artista.
  – O que eu disse sobre coisas simples? Vai por mim cara, chama ela pra ver esses quadros, quem sabe eles são engraçados, e vocês se divertem e riem juntos; ou talvez eles são mesmo “os mais bonitos da cidade” e vocês serão os privilegiados de conhecer o artista pagando apenas cinco pratas; e, caso eles sejam ruins, ao menos você chamou ela para um programa diferente, um programa que ela vai lembrar, mesmo que não namore você.
  Ele me olhou com uma cara desconfiada, então eu continuei:
  – Velho, o amor é uma coisa simples. Não se engane pensando que deve impressioná-la levando-a em um show caro, simplesmente faça uma coisa diferente, qualquer coisa. Pode ser que, do nada, você tenha a ideia de ensiná-la a dirigir…
  – Eu fui reprovado no exame de direção três vezes mano.
  – E daí? Você sabe a teoria, pode ajudar ela a soltar o freio de mão e ir acelerando lentamente. Ou então vocês estão cansados em casa, morrendo de calor nesse verão e, mais uma vez, do nada, você tenha a ideia de comprar uma piscina infantil numa loja de esquina pra refrescar. Pode ser que você descarte o pensamento logo de cara, sabendo que só a usaria uma vez e depois ela acabaria apenas ocupando espaço, mas não faça isso. Dê vida às suas ideias, por mais malucas que sejam. Ela se lembrará de você por isso.
  – Tá bom mano, você venceu, satisfeito? Vou trazer ela nessa exposição.
Começamos a andar, voltando pra faculdade.
  – Escuta, como você pode saber tanto sobre o amor?
  – Como assim? Não há muita coisa pra saber sobre ele.
  – Tudo bem, mas como você descobriu que coisas simples são melhores que coisas elaboradas? Eu gosto dela cara, e acredite, é difícil pra mim falar isso abertamente com você.   Mas acredito que não somos como os casais dos filmes. Não faço o tipo nerd-que-fica-com-a-garota-bonita-no-final. Somos apenas duas pessoas normais…
  – Você está começando a entender.
  – E você está me matando com esse tipinho enigmático.
  Olhei para ele, que olhava para o chão enquanto caminhava, e sorri.
  – São todas essas pequenas coisas, cara. São essas simplicidades da vida que constituem o amor. Vocês são duas pessoas normais; assim como todas as pessoas no mundo, vocês têm a sua normalidade. O amor está em meu lugar favorito no mundo, assim como está na sua predileção por torrada de alho, e assim como está nela, que acha que dizer “eu te amo” é uma babaquice. Você só tem que reparar nessas coisas, e saber usá-las a seu favor. Não é difícil fazer isso, mas as pessoas dizem tanto que o amor é complicado, que elas mesmas o tornaram complicado.
  Ele olhou mais uma vez pra mim, mas dessa vez não disse nada. Continuamos andando, em silêncio. Tinha certeza que ele estava pensando no que eu disse, e maior ainda era a minha certeza de que ele estava, aos poucos, desvendando essa complicada simplicidade que é o amor.”

Autoria: Arthur Dias


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