Minhas verdades através dos livros
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ENTREVISTA COM ISIDRO ITURAT – POR ALBERTO VALENÇA LIMA

(EXCLUSIVA)

 

Entrevista feita com exclusividade para Alberto Valença Lima pelo criador da modalidade poética denominada INDRISO – o espanhol que vive no Brasil Isidro Iturat, a quem agradeço pela atenção e presteza com que me atendeu, e pela concessão desta entrevista, que certamente poderá expor um pouco mais da pessoa Isidro para o público.

Isidro Iturat
Autor da foto – o próprio Isidro
(Clique na foto para ampliá-la)

Código de leitura

Alberto – AI

Isidro I

Cidade natal

Clube Náutico de Vilanova i la Geltru
Vista do Clube Náutico de Vilanova i la Geltru com licença creative commons
Atributo:
G.M. Kowalewska / CC BY-SA (https://creativecommons.org/licenses/by-sa/3.0)
Disponível em https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Vilanova_i_la_Geltru.jpg

A – Fale do lugar onde você nasceu e por quanto tempo viveu lá.

I – Minha cidade natal se chama Vilanova i la Geltrú. Ela está na Espanha, à beira do Mediterrâneo, 45 km ao sul de Barcelona e têm aproximadamente 70 mil habitantes.

Para falar alguma peculiaridade sobre ela, direi que é um lugar de um ecletismo histórico muito forte. Por exemplo, ela tem restos arqueológicos de um povoado da Idade do Bronze, uma estrada construída durante o Império Romano, um castelo medieval, igrejas barrocas e tudo isso combinado com todas as expressões tecnológicas do século XXI. O velho e o no novo, tudo junto.

Morei ali durante os meus primeiros 25 anos. Depois, também morei em Barcelona por dois anos e mais tarde por cinco em Madri.

Escrevi os meus primeiros textos literários enquanto ainda morava em Vilanova. No entanto, a minha vida pública como escritor começou em Madri, mudei para lá no ano 2000. Em 2001 inventei o indriso e foi aí que comecei a publicar e a frequentar os círculos de escritores madrilenhos.

Infância e recordações

A – Como foi a sua infância? Que fato mais lhe marcou nela?

I – Uma coisa que considero relevante é que cresci em uma família com várias pessoas com talento para os esportes e as artes. 

Por exemplo, meu pai foi ciclista profissional, se chamava Vicente Iturat, e em casa vivi no ambiente do ciclismo. De cinco irmãos, quatro passamos pela fase de competir com a bicicleta.

Depois, três de nós mexemos com a música. Eu gosto de percussão, mas de uma maneira amadora. No entanto, um dos meus irmãos, Valentín Iturat, tem um nome consolidado como baterista profissional.

Também tenho vários primos artistas plásticos. Inclusive um deles, Xavier Cuenca, também é um escultor famoso. 

Com certeza, crescer nesse clima moldou muito determinados aspectos da minha personalidade.

Quando meu pai deixou de competir profissionalmente, abriu uma loja de venda e conserto de bicicletas. Realmente, se pensar em alguma coisa que me marcou de maneira positiva e intensa durante a minha infância e adolescência, uma das principais seria essa loja.

Nela, meu pai trabalhava junto com dois dos meus irmãos e durante a minha adolescência eu também trabalhei lá.

Uma coisa que me marcou muito eram as conversas com os fregueses. Muitos deles passavam o tempo conversando com a gente enquanto aguardavam o conserto de suas bicicletas.

Tinha muita amizade, muito papo interessante, já que as pessoas chegavam, criavam uma intimidade conosco e íamos jogando conversa fora, falando sobre tudo. Naquela loja, eu vi o retrato da vida de muita gente.

Imigração

A – Por que veio para o Brasil e onde você já morou?

I – Eu vim para o Brasil no ano 2005. Naquela época, estando ainda em Madri, vamos dizer que era um jovem com desejo de aventura, sem rumo vital e insatisfeito com a própria vida.

Na Espanha, combinava os estudos de Letras espanholas com trabalhos que me permitiam ter tempo para estudar, pensar e escrever. Comecei a dar aulas de espanhol para imigrantes sem recursos e isso já me deu um norte profissional, ser professor de espanhol.

Depois, fiz amizade com pessoas do Brasil e comecei a me interessar pelo país.

Eu queria uma mudança de vida radical. Então, estabeleci o plano de conhecer o Brasil. Economizei dinheiro suficiente para me manter no país por seis meses, pensando: Eu vou lá e vejo como é. Se o que acontecer for bom, eu fico. Se não, pego o avião de volta.

Escrevi para dezenas de universidades e escolas brasileiras mostrando o meu currículo e perguntando pelas chances de trabalhar no Brasil como professor de espanhol.

Resultado da pesquisa

Só uma pessoa respondeu, uma senhora que é escritora e professora universitária de língua e literatura espanholas em Vitória, muito respeitada nos meios acadêmicos de lá, e que se chama Ester Abreu.

Fizemos amizade por e-mail e perto da data de viajar, falei para ela: Olha, vou para o Brasil. Ela disse: Caso você passe por Vitória, venha me visitar. Então, eu pensei: Por que não Vitória? E peguei o avião direto para lá. Ela me recebeu como um filho e me apresentou aos círculos de professores da cidade. Graças a ela ministrei um curso sobre fonética espanhola na Universidade de Vitória e dei uma palestra sobre o indriso na Universidade Federal do Espírito Santo.

Só que depois de um mês nessa cidade, senti que o mercado de ensino de espanhol era muito pequeno e fui para São Paulo.

 

A cidade das raízes no Brasil

Montagem de fotos da cidade de São Paulo, Brasil. Imagem com licença Creative Commons Descrição: Do alto, em sentido horário: Catedral da Sé; visão geral do centro velho da cidade a partir do Edifício Copan; Monumento às Bandeiras; Museu de Arte de São Paulo (MASP) na Avenida Paulista; Museu do Ipiranga e Ponte Octávio Frias de Oliveira ma Marginal Pinheiros Autor – Chronus Disponível em https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Montagem_SP.png

Foi em São Paulo onde finquei raízes: lá conheci a minha esposa, Elis, também professora de idiomas e comecei a trabalhar primeiro como professor de espanhol, depois como coordenador de cursos de idiomas e finalmente, com a minha esposa, abrimos a nossa própria escola.

Morei lá por 12 anos. Depois, moramos por dois anos e meio na Bahia.

Só que na Bahia tive muitas dificuldades para ganhar o pão com o idioma espanhol. Desse modo, um ano atrás mudamos para Belo Horizonte, onde sim consigo viver como professor e tradutor.  

 

A – Qual o seu estado civil? Você tem filhos?

I – Sou casado. Em 2006 conheci Elis e a gente não se desgrudou nunca mais. Quando a conheci aos meus 32 anos de idade, percebi que durante todos os anos da minha vida amorosa em que estive sem Elis, tinha estado procurando por uma pessoa, que era ela.

E temos uma filha que agora está com 5 anos, Beatriz. Ela é o meu melhor poema.

Analisando o perfil

A – No seu perfil em sua nova página no endereço a seguir, https://indrisos.wixsite.com/iturat você coloca algumas hipóteses para “o reduzido currículo apresentado”, mas finaliza dizendo uma grande verdade: “o que não foi dito, seus versos dirão mais”.

No seu primeiro indriso, que só ontem depois de ler seu livro que você, muito gentilmente, disponibiliza em sua página acima em PDF, descobri que ele não é só o “Lua minguante” o seu primeiro indriso. Há uma trindade de indrisos em sequência –Lua minguante, crescente e cheia, que inclusive você assim a denomina no livro– “Trindade Lunar” (Trinidad Lunar).

Primeiro – Essa trindade foi composta no mesmo momento, ou houve um intervalo?

Segundo – Você criou uma sucessão que não respeita a ordem das fases da Lua, dando uma idéia de que após a minguante, vem a fase crescente, quando, na verdade, intercala-se entre uma e outra a Lua nova, que não foi incluída. Fato é, que nas fases da Lua, quando ela está em quarto minguante, não está crescendo. Pelo contrário, está diminuindo. Você apenas quis passar a ideia de crescimento, ou tem alguma outra mensagem nesta sucessão de indrisos?

Terceiro – Você criou como que uma sucessão de crescimento seu, representado pelo seu alter-ego, da lua, que inicialmente é contemplada por um centauro, e que também é uma mulher, depois na Lua crescente, você a metamorfoseia para Vênus e quem a contempla, adorando-a, são pastores e, finalmente, na Lua cheia, a Lua novamente se transforma, desta vez em uma Mãe Feiticeira, que poderá fazer a neta de alguém (não entendi o significado de “mandinga” pois, para nós, mandinga significa “Feitiço”) ouvir o canto de um “Pássaro de Prata”, que transformará o bom marido em raivoso, irado.

Aprofundando-se no Perfil

Quem é Isidro aí? A Mãe-Lua, a neta, a Mandinga, ou o marido? Ou todos esses personagens? Ou ainda, o Pássaro de Prata? Aqui vale um parêntesis, que não faz parte da entrevista. Pássaro de Prata era o nome de minha Estação de PX que mantive durante algum tempo, quando tinha pouco mais de vinte anos.

I – Sobre o currículo, acontecem duas coisas: primeiro, eu não tenho um currículo que brilha e sei que não vou ganhar a confiança das pessoas com ele. Segundo, eu quero que as pessoas foquem no meu trabalho literário, não na minha pessoa. Por isso, o texto desse currículo não passa de uma brincadeira verbal que não diz grande coisa a meu respeito. Mas, de qualquer jeito, vou mostrá-lo aqui em português:

“Desculpem o limitado do currículo. Caso vocês perguntem a si mesmos por quê, logo poderão deduzir que este autor tem pouco a mostrar o muito a esconder, ou muito a mostrar sem a vontade de fazê-lo, ou pouco a mostrar com, também, pouca vontade de fazê-lo, ou que terá qualquer outra razão não mencionada que, com certeza, será muito respeitável, ou não. De qualquer maneira, o que não foi dito, meus versos dirão mais”.

A Trindade Lunar

Os indrisos da Trindade Lunar foram compostos em momentos diferentes e inicialmente não foram pensados para se relacionar entre si.

Com relação à omissão da Lua nova, tenho a dizer que foi proposital. Explico agora o porquê:

A ideia desse grupo de poemas, Trindade Lunar, surgiu a partir da leitura de um livro de psicologia que se chama “Os mistérios da mulher”, de Esther Harding. O livro estuda a psique feminina a través de símbolos da feminilidade como possam ser os planetas e personagens mitológicas de diferentes culturas e épocas.

A Trindade Lunar mostra três aspectos do que na psicologia junguiana é chamado de ânima (a parte feminina da psique humana). Os mesmos podem ser representados simbolicamente e de maneira simultânea pela Lua (um dos principais símbolos da feminilidade) e por diversas personagens mitológicas. Desse modo, temos a mulher virgem, que pode ser associada à Lua minguante e a deusas como a Atena grega. Depois, temos a mulher em sua fase erótica/amorosa, que pode ser associada à Lua crescente e a deusas como a Vênus romana. Finalmente, temos o arquétipo da mãe, que pode ser associada à Lua cheia e a mitos como o da mulher africana descrito no terceiro poema da Trindade Lunar.

Razão da exclusão da lua nova

Não coloquei um poema sobre a Lua nova por razões, vamos dizer, simbólicas ou psicológicas: primeiramente, porque a lua nova, mesmo estando aí, é invisível. Depois, porque é associada aos aspectos mais destrutivos da alma feminina, a imagens como a da deusa grega dos infernos Hécate. Ela têm sua função dentro do ecossistema da psique humana. No entanto, pessoalmente, preferi deixá-la tranquila, em seu canto…

Com relação ao seu terceiro ponto, posso dizer que quando qualquer escritor escreve um texto com personagens, ambientes e ações, está fazendo a mesma coisa que o dramaturgo: aquilo alí é uma dramaturgia.

Os elementos da mesma, com certeza, em algum nível terão relação com a psique pessoal do autor. Só que a coisa não para por aí, pois uma das principais funções de qualquer artista e mexer com a psique coletiva. É isso que estamos fazemos quando usamos símbolos e arquétipos e é por isso mesmo que a obra ativa emoções e pensamentos nas outras pessoas.

Significado de cada poema

No entanto, vou falar brevemente sobre o sentido de cada um desses três poemas:

No primeiro poema, há uma jovem que sonha que passa por uma espécie de iniciação erótica, nas mãos de um centauro. A imagem da mulher raptada por uma figura masculina, às vezes com características animais (que representariam a parte irracional da experiência amorosa), é muito utilizada na Grécia e Roma antigas, mas também não é infrequente, por exemplo, nos sonhos da  mulher contemporânea.

Basicamente, representa aquela mistura de sentimentos que pode acontecer no início da vida amorosa em qualquer um de nós: medo e desejo, alegria e tristeza, se sentir livre e se sentir restrito, vontade de mudar e vontade de não mudar etc.

O segundo poema fala de Vênus. Por sua condição de deusa do amor, ela representa a força erótica que produz a união e a geração de todos os seres vivos. Uma coisa muito interessante (e divertida, ao meu ver) que a mitologia diz à respeito dela é que, dentre todas as divindades romanas, ela é a mais temida, inclusive pelos outros deuses, porque os impulsos amorosos que ativa fazem com que a mente racional mais poderosa perca o controle. Até Júpiter, o rei dos deuses do panteão romano, a teme.

O terceiro poema é baseado em uma crença africana (quando nele falo “velha mandinga”, estou me referindo simplesmente à personagem de uma anciã que pertenceria à tribo dos mandingas).

Crença africana da tribo dos mandingas

E diz essa crença que as jovens não devem ir na floresta às noites de Lua cheia porque há um pássaro luminoso de prata que mora na Lua, e que nesse momento pode descer da mesma e engravidá-las —quem sabe, deve ter casos por aí de moças casadas que engravidaram e que contaram para o marido que foi o tal de Pássaro Lunar… Achei o assunto tão interessante e imaginativo que suscitou o poema. O conheci através do livro de Harding.

Também é realmente curiosa a história da sua estação de PX. A priori, que essa imagem do pássaro, tão específica, esteja presente na vida de duas pessoas com caminhos tão diferentes como os nossos, é praticamente impossível. Mas eu sei que o universo gosta de fazer estas coisas mágicas.

Definição do Indriso

A – Na definição formal de indriso que consta na p. 105 do seu primeiro livro, não menciona nada a respeito de título. Recordo, que quando fui escrever o breve artigo que tenho publicado no Recanto das Letras sobre essa modalidade poética, de ter lido algo a respeito da sua obrigatoriedade. Fale a respeito.

I – Diversas pessoas divulgam definições do indriso na internet e, realmente, já vi que em uma delas foi escrito que colocar título ao poema era obrigatório.

No entanto, de acordo com a minha proposta de definição do indriso, colocar título ou não é uma coisa totalmente opcional. Fica a critério de cada autor.

Simbologia do Indriso

Yin Yang

A – Considerei interessantíssima a sua abordagem sobre a simbologia, especialmente sobre a divisão monossilábica do universo, que você fez na sua publicação “Sobre o indriso”, Espanha, 2004, também disponível no seu site citado anteriormente. Como esse assunto não foi abordado em nenhuma das entrevistas que li sobre você, gostaria que você explorasse um pouco o assunto para o público.

I – A ideia de “divisão monossilábica do universo”, ou dito de outra maneira, de descrever o universo através de um poema composto por versos monossílabos, é expressada neste indriso:

 

DESCRIÇÃO MONOSSILÁBICA DO COSMOS

Yin.
Yang.
Yin.

Yang.
Yin.
Yang.

Yin.

Yang.

Esta composição nasceu da pergunta: Como seria um indriso que quisesse expressar o maior número de coisas possível com o menor número de palavras possível?

E a tal pergunta me levou a pensar que, para expressar o maior número de coisas possível em um espaço tão reduzido como o do indriso, nada poderia ser melhor que usar um dos símbolos que expressam a totalidade do universo. É aqui que entrou em jogo a imagem do Ying e Yang.

O símbolo do Yin e Yang representa a totalidade do universo manifestado através da interação das duas energias fundamentais que operam no mesmo e que quando interagem entre si, o criam. É esta interação, esta alternância, ou vamos dizê-lo de maneira poética, este “namoro”, esta “dança”, entre o Yin e Yang —que podem se desdobrar em conceitos como escuridão e luz, morte e vida, contração e expansão, detenção e movimento etc.— o que produz tudo aquilo que existe e que é representado no poema.

No nível formal, os dois tercetos do indriso representariam cada um dos semicírculos que compõem o símbolo do Ying e Yang e as estrofes de verso único o pequeno círculo contido em cada semicírculo.

Resumindo, este poema foi um exercício estético sobre como descrever mais com menos utilizando o indriso.

Antologia de Indrisos

A – Na sua 1ª Antologia Internacional de Indrisos, (também disponível lá no site citado) comemorativa dos primeiros dez anos de criação do Indriso, você não participou como autor. Há alguma razão específica?

I – Uma das funções deste livro é reconhecer e impulsionar o trabalho de outros escritores de indrisos. Por isso mesmo, preferi não me colocar no meio, para que a atenção do leitor fosse completamente para eles.

Origem da ideia

A – Como surgiu a ideia dessa antologia? Quais as principais dificuldades?

I – Perto dos 10 anos da criação do indriso, fiz uma pesquisa na internet para conhecer o grau de disseminação que o mesmo teria alcançado entre os outros autores de poesia e percebi que já existia um número considerável de poemas publicados (vários milhares e em diversos países e línguas. Inclusive, livros inteiros de poemas).

Com tais dados, pensei que organizar uma antologia poderia trazer várias coisas boas para o indriso. Por exemplo, uma das minhas maiores preocupações a respeito dele é testar as suas possibilidades expressivas e, bom, essa antologia serviria para confirmar e mostrar à comunidade poética que o indriso é uma ferramenta expressiva versátil, pois o livro conteria um repertório abrangente de tons de voz, ideias e manifestações formais.

Também serviria para estimular mais ainda a produção de indrisos, pois conseguiria mostrar a mais autores que existe uma nova ferramenta estética à disposição.

E como já comentei, serviria para reconhecer e dar maior visibilidade ao trabalho dos poetas colaboradores.

Desse modo, lancei o convite para participar da antologia e fiz uma seleção onde priorizei, da melhor maneira que eu soube, diversidade e qualidade.

O resultado foi um total de 37 autores, procedentes de 13 países e que escreveram em 9 idiomas.

Foi uma experiência que não teve nada de traumática, mas ao contrário, foi algo realmente alegre e empolgante.

Antologia de indrisos Isidro Iturat (organizador)
Baixe a antologia em PDF clicando na imagem

Aniversário de 20 anos do Indriso

A – No próximo ano será o aniversário de 20 anos da criação do indriso. Você pretende, a exemplo de 2011, lançar a segunda antologia de indrisos?

I – Por enquanto, confesso que não tenho nada definido. Mas, vou meditar com calma, para ver se consigo fazer alguma coisa.

 

A – A pergunta mais tradicional: Como e quando surgiu a ideia do indriso?

I – Surgiu em 2001 e relato agora o como.

No momento em que a imagem do indriso apareceu em minha mente pela primeira vez, eu estava meditando sobre a estrutura do soneto. Você sabe esse estado em que estamos pensando sobre alguma coisa e visualizamos imagens mentais, como se estivéssemos meio que sonhando, mas acordados? Foi em um momento desses.

Desse modo, vi na própria mente as estrofes do soneto fazendo uma metamorfose: os dois quartetos do soneto viraram tercetos e os dois tercetos do soneto, estrofes de verso único.

Em um primeiro momento, não dei muita importância ao fato e deixei para lá. Só que, mais tarde, nesse outro momento em que surgiram as imagens do poema Lua Minguante e comecei a pensar em como as expressaria em forma de poema, chegou a pergunta: E se eu usar essa forma que veio na minha cabeça dias atrás?

E aí começou tudo. Gostei do resultado do primeiro poema e vieram mais “E se…”: E se escrever mais poemas com essa estrutura?… E se escrever uma definição da mesma?… E se der a ela um nome?… E se começar a explorar as suas possibilidades formais?… E se testar com ela diferentes estilos literários?… E se escrever um livro?…

Mensagem final

A – Que mensagem você gostaria de deixar para os leitores que tiverem acesso a esta entrevista?

I – Gostaria de aproveitar a ocasião para compartilhar o seguinte:

Com relação à definição do indriso, em certo momento percebi que a que eu tinha era apenas formal e técnica, e que também gostaria de definir o poema usando, não só essa linguagem técnica, mas a expressão lírica: descrever o poema através de uma linguagem poética. Além disso, tal versão não se oporia à primeira, mas a complementaria.

Então, a escrevi e a publiquei no meu segundo livro de indrisos, “Memento vivere” e é esta aqui:

“O indriso: palavra que é música, música que é arquétipo, arquétipo que é ideia, sensorialidade, emoção, intuição. Descobri o poema como o botânico encontra uma nova espécie vegetal. Sempre esteve aqui e agora mostra-se: uma nova flor que é de todos e para todos”.

Agradeço desde já aos leitores pelo seu interesse e a você, Alberto, por ter me oferecido a oportunidade de falar sobre o indriso no seu espaço.

Nota

A imagem acima com montagem de fotos da cidade de São Paulo é de autoria de Chronus.
Licença Creative Commons com seus dados acima, na legenda da foto, e disponivel em
<https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Montagem_SP.png>
Cujas imagens estão disponíveis nos links a seguir:

 

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Obrigado pelo acolhimento, Alberto! Aproveito para reforçar que gostei muito de fazê-la. Inclusive, as suas perguntas me permitiram dizer algumas coisas sobre o sentido dos poemas que há muito tempo queria dizer, mas não achava o contexto nem a situação adequados. Abraços e muito sucesso!

Eu que agradeço pela sua disponibilidade e atenção Isidro, concedendo-me esta entrevista que gostei muito de fazer. Fiquei feliz com nosso contato e aproximação. Certamente sua entrevista e agora comentário muito valorizarão o meu blog. Um grande abraço e desejo-lhe muito sucesso.

Olá parabéns pela ótima entrevista. Estou fazendo um livro só de Indrisos para homenagear esse grande artista criador desse estilo muito gostoso de poetar.
Será publicado pelo Clube de Autores. Gratidão. Lualfavênus.

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