Desapegue-se
Minhas verdades através dos livros
Share

Desapegue-se – O livro e seu autor

Desapegue-se, L&PM Editores – Walter Riso, Tradução – Célia Regina Rodrigues, 1ª edição, Porto Alegre – RS, 2015, 192p [Livro de auto-ajuda].

Walter Riso – o autor

Walter Riso é um italiano, nascido em Nápoles no mesmo ano que eu – 1951. Mudou-se para Buenos Aires, na Argentina enquanto era ainda jovem, e lá viveu até 1979, quando emigrou para Colômbia. Concluiu seus estudos em Medellín, e iniciou sua carreira como psicólogo. Ainda estudou filosofia e bioética e se especializando em terapia cognitiva.

Além de terapeuta, é também professor universitário. Já publicou vários best-sellers internacionais, dentre os quais Amar ou depender?, Amores de alto riscoA arte de ser flexível O que toda mulher deve saber sobre os homens, todos publicados pela L&PM Editores. Ao todo, já publicou vinte e cinco livros, tendo muitos sido traduzidos para mais de doze idiomas, dentre os quais, chinês, holandês, alemão, italiano, grego, inglês e português.

Atualmente reside entre a Europa e a América Latina. Ele tem um blog e uma homepage que podem ser visitadas pelos links correspondentes clicando nos nomes acima citados.

Por que um livro de auto-ajuda?

Como cheguei a este livro? Não sou o fã número 1 dos livros de auto-ajuda. Mas por sugestão de um outro autor de auto-ajuda – Bruno Gimenes – abracei como tarefa, ler e anotar, quatro livros sobre o que eu considerava meu problema central, analisando detalhadamente cada um.

Elegi como este problema, o meu excessivo apego às coisas. E pesquisando na internet, elaborei uma lista de cinco livros, ao invés de quatro, sobre a questão. Os livros foram: A incrível arte de desapegar de Cherrine Cardoso, Desapegue-se de Walter Riso, Como se livrar do que empaca sua vida de Karen Berg, Os cinco níveis de apego de Don Miguel Ruiz e Menos é mais de Francine Jay.

Comecei a minha empreitada pelo livro acima referido, ao qual esta postagem se refere.

Walter Riso - Desapegue-se (Kindle)

Como o livro Desapegue-se de Walter Riso está estruturado

O livro Desapegue-se divide-se em três partes, sendo composto por dez lições e um apêndice, distribuídos nas 192 páginas.

A primeira parte se intitula “Definindo conceitos“, com uma lição introdutória, em que se definem os conceitos de apego e desapego.

A segunda parte intitulada “Como identificar o apego e não se deixar vencer por ele?” onde são apresentadas seis lições com as características básicas do apego, a forma como ele afeta nossa vida e como enfrentar  tudo.

A terceira e penúltima parte tem por título “Por que nos apegamos?” e nos oferece mais três lições, totalizando assim as dez que o livro disponibiliza.

Nelas, o autor desvenda três caminhos que nos conduz ao apego e à dependência. E nos ensina como preveni-las.

Por fim, o apêndice intitulado “A que nos apegamos?” onde são citados alguns exemplos de apego.

As lições de Walter Riso no seu Desapegue-se

Lição 1

Apego e Desapego – Esclarecimentos e Mal-entendidos

  • Tudo nos leva ao sofrimento – o nascimento, a velhice, a doença, a convivência com o que odiamos, a separação de quem ou do que amamos, não conseguir o que desejamos… Mas ele é que leva ao renascimento. Uma das principais causas do sofrimento mental é a tendência de nos apegarmos às coisas e às pessoas. Nada é para sempre.
  • O apego é causa de muito sofrimento. É um vício. O apego corrompe pois ele arrasa a pessoa e a leva a agir contra as suas crenças mais íntimas.
  • “O apego é a ligação mental e emocional (em geral obsessiva) a objetos, pessoas, atividades, ideias ou sentimentos, que se origina na crença irracional, de que esse vínculo trará de maneira única e permanente, prazer, segurança e autorrealização.”
  • O que define o apego é a incapacidade de renunciar a ele no momento oportuno. Podemos nos apegar a qualquer coisa ou acontecimento. P. ex.: jogo, pessoas, reputação, fama, consumismo, moda, comida, pensamentos, poder, etc.
  • Desejos e apego são diferentes. Desejar algo ou alguém é normal, desde que não se torne obsessivo, e haja preparação para a perda.
  • O apego é uma forma doentia de se relacionar com os desejos. A abstinência é um sofrimento útil que ajuda a desapegar-se.

Lista das incapacidades imaginárias

  1. Incapacidade de pintar um quadro
  2. Escreva tudo que gostaria de fazer e não se acha caoaz, e organize por grau de dificuldade. Comece pelo mais fácil.
  3. Liste as pessoas de quem depende sem necessidade. (Lista de dependências irracionais).
  4. Lista de sonhos aparentemente irrealizáveis. Organize uma lista louca e atrevida dos seus desejos mais fortes. Pode ser qualquer coisa: pular de paraquedas, ou mudar de sexo. Anote-os num papel e confronte-os toda manhã.
  5. Diminua o poder que você atribui às necessidades irracionais. Para  resolver o problema, temos que enfrentá-lo, resolvê-lo ou reduzir sua importância.

Lição 2

Nesta parte o autor mostra como praticar o desapego e recuperar a liberdade, uma vez que, o apego é uma forma de escravidão. A liberdade é inegociável. Para não perdê-la ele sugere cinco atitudes a saber: 1- Ative seu Espártaco interior, 2- Evite lugares onde não seja bem-vindo ou em que possam prejudicá-lo, 3- A abstinência é um sofrimento útil que ajuda a desapegar-se, 4- Elabore listas de libertação pessoal e 5- Diminua o poder que você atribui às necessidades irracionais.

O apego escraviza e destrói a liberdade interior

Na verdade, você escolhe seus amos e torna-se vítima da própria criação. A necessidade nos escraviza, a preferência nos liberta.

Lição 3

O apego sempre vem atrelado a um desejo insaciável. Ex.: escravos da imagem física (body victim)

Lição 4

Não existe apego sem medo de perdê-lo.

A prática do desapego

Como enfrentar os temores que causam o desapego?

  1. Identifique o medo que impede o desapego.
  2. Aceite o  pior. O pior nunca é o pior. Porque tem data de validade. Se acaba.
  3. Enfrente o medo.
  4. Confie em você.

Lição 5

Se você se apegar, perderá a noção de quem é.

a) A identidade desorientada. A tendência natural como qualquer ser humano é buscar a autoconsciência.

    1. O apego a um nome. Mera convenção social. O que realmente importa é o valor intrínseco.
    2. Apego ao conhecimento. Reunir informações e ter memória não diz nada sobre uma pessoa.
    3. Quem você é na realidade. Existem três tipos de identidade:
      1. a real – o que você é
      2. a ideal – o que você gostaria de ser
      3. a obrigatória – o que você acha que deve ser

Quando qualquer uma se sobrepõe à real, há conflito.
Se é a ideal que se sobrepõe, a depressão se instala.
Se é a obrigatória, a ansiedade se instala.
Exemplo da águia que se comportava como a galinha e do tigre que agia como ovelha.

A prática do desapego: Como proteger e resgatar a identidade pessoal

  1. Encontre a si mesmo

Conectar-se com a própria essência. Comece a ir atrás de uma paixão mais significativa.
Como se encontrar? Pense numa coisa que gostaria muito de realizar. A boa notícia é que a essência não morre. Procure a si mesmo nas lembranças e na história que compõem sua vida.

2. Seja anônimo

Cultura histriônica – Necessidade de destacar-se, de ser estrela.

Para sermos valorizados precisamos mostrar nossos êxitos e se gabar deles. Ser anônimo não garante o desapego, mas o torna menos difícil.

Devemos, segundo Heráclito, imitar a natureza, que sempre trabalha no anonimato.

Desapegar-se é reconquistar-se.

3. Livre-se dos rótulos que carrega nas costas.

4 . Declaração em defesa da identidade pessoal

    1. Não deixarei nada nem ninguém desvirtuar minha verdadeira natureza
    2. A espontaneidade será minha amiga e tentarei por meio dela, ter acesso àquilo que sou, sem  subterfúgios nem auto-enganos.
    3. Reavaliarei cada grandeza que me inculcaram, cada dever que me impuseram, e cada culpa que senti. Deixarei que permaneça em mim apenas o que é bom.
    4. Não imitarei ninguém. Somente minha opinião e minhas ideias orientarão minha conduta.
    5. buscarei ser autêntico e honesto em cada ação da minha vida, procurando alinhar o que penso com o que  sinto e faço.

Lição 6

O apego é a posse exacerbada.

  1. O eu e o “meu”

O “eu” apoiado no “meu” infla o ego e o torna mais pesado. Quem tem complexo de senhor feudal é profundamente infeliz.

2. Dono de nada

Não se pode ser dono de um amanhecer, de um dia de chuva, do perfume da flor, da pessoa que se ama, dos filhos ou da família. Segundo a sabedoria grega, a única coisa que nos pertence são nossas representações, isto é, aquilo que pensamos ou sentimos.  O resto, ou tomamos emprestado ou alugamos. Tudo passa, e nada lhe pertence.

3. Amar não é possuir

Ninguém é dono de ninguém. “Amar é respeitar a liberdade do outro até as últimas consequências.

4. O sentimento de posse nos enfraquece

Tudo que acontece à fonte de apego se reflete em nós. Quanto mais necessidade de posse alguém sente, menos saúde mental terá.

A prática do desapego: Como se livrar da necessidade de posse

a. Ter sem possuir

Troque o desejo de posse pela vontade de desfrutar. A perda é inevitável. Usufruir enquanto puder ou quiser. Sem se apegar.

b. Não deixe que as coisas o dominem

Há três opções terapêuticas: parar de se importar, considerar relativo seu valor ou livrar-se deles definitivamente. É o jogo de quem domina quem. Não deixe que o apego avance nem um milímetro. Corte-o pela raiz e impeça que ele o seduza.

c. Transforme-se em um banco de névoa

Se não existir um “eu” receptor as coisas passarão por nós como se fôssemos um fantasma.

d. A paisagem como meta

A felicidade, se existe, nem sempre consiste em chegar ao destino. Quase sempre, basta saber viajar e desenvolver uma motivação intrínseca.

e. Declaração de autonomia afetiva: “Você não é responsável pela minha felicidade.”

Prefiro respirar por conta própria,  andar sem muletas e ser como sou. Quem não possui o outro, o respeita.

Lição 7

O apego reduz ao mínimo a capacidade de sentir prazer

O apego invasor e a redução hedonista, o apego aos filhos, o amante libertado, o apego ao tempo e à velocidade (o agorismo) são analisados e destrinchados pelo autor em uma constante reflexão e um contínuo questionamento a cerca da postura de cada um.

A vida é uma surpresa constante de saber que existo. Destaque-se – “surpresa constante“.

A prática do desapego: como vencer a redução hedonista que gera a dependência

Neste ponto o autor apresenta os três passos a seguir, necessários para alcançar o desapego.

  1. Exploração e ensaio do comportamento, 2. O medo irracional de perder o controle, 3. O espírito de rebeldia contra a autoridade castradora.

Terceira parte

Por que nos apegamos?

As três portas que conduzem ao apego

Nestas  últimas  três lições, o autor nos apresenta uma análise criteriosa a respeito de três formas clássicas de se deixar levar pelo apego. De tornar-se escravo, como já mencionado.

As três últimas lições, são as três portas que conduzem ao apego. São as lições:

8 – A fraqueza pelo prazer (A primeira porta)

A imaturidade emocional, nos torna vulneráveis ao apego. Amadurecer significa “obervar o que você é”. Neste ponto o autor cita Khalil Gibran, aludindo ao livro Sidartha.de Hermann Hesse. Aborda então a questão da permanência e impermanência.

9 – Buscar provas de segurança em vez de resolver os conflitos pessoais, (Segunda porta) e,

A insegurança é um dos mais graves problemas humanos. E o perfeccionismo, torna-se um grave impecilho pela falsa segurança que pode causar.

10 – A compulsão por “Querer Ser Mais” numa ambição desmedida (A terceira porta).

A ambição é um círculo vicioso, e  se desmedida, é uma armadilha.

EPÍLOGO

Pequenas lições para grandes dependências

Neste epílogo o autor sintetiza numa breve revisão, os principais pontos abordados ao longo das dez lições anteriores.

Apêndice

A que nos apegamos?

Neste final, Walter Riso nos oferece uma relação de vários modos de apego, analisando um a um, cada um deles e que, apenas para exemplficar, enumero a seguir alguns.

Apego às pessoas a quem amamos ou admiramos, apego à aprovação ou reputação social, apego às posses materiais e à moda, apego à virtude, apego ao jogo, apego ao trabalho, apego à perfeição, etc.

Minha opinião sobre o livro de Walter Riso

É um livro muito técnico e com muitas informações que considero desnecessárias para alguém que precise desapegar-se de algo ou de alguém. Poderia ser mais direto, mais objetivo, mais simples, ao invés de tão erudito. Mas não deixa de ser um livro útil. Mereceu duas estrelinhas das cinco possíveis.

Share
Nenhum comentário

Deixe seu comentário. Ele é muito importante!

Análise literária do Livro do Jô - volume 1
Minhas verdades através dos livros
O livro do Jô – vol. 1 – Jô Soares [Resenha]
Share

O livro do Jô – Uma autobiografia desautorizada Livro do Jô é uma autobiografia de José Eugênio Soares (Jô Soares) publicado em 2017 pela editora Schwarcz S.A. (Companhia das Letras) foi dividido em dois volumes que vou analisar separadamente. O livro, por se tratar de um homem de televisão, é …

Share
Estilos de Poesia que Criei - E-Book
Minhas verdades através dos livros
E-Book GRATIS – Estilos de Poesia que Criei
Share

Estilos de Poesia que Criei Estava oferecendo, por tempo limitado, gratuitamente, o e-book que escrevi recentemente intitulado Estilos de Poesia que Criei. Nele você encontrará os cinco estilos de poesia criados pelo poeta Alberto Valença Lima, entre 2021 e 2023. Agora que foi lançada a segunda edição deste livro revista …

Share
Rafael Caputo
Minhas verdades através dos livros
Um microconto por dia – Rafael Caputo [Resenha]
Share

Rafael Caputo Rafael Caputo é um poeta brasileiro com muito sucesso. Tem até uma pagina no Wikipédia, onde se lê que ele já conquistou mais de vinte prêmios e participou de muitas antologias, além de ter publicado seis livros sozinho. Seu primeiro livro foi Larissa Start em 2019. No mesmo …

Share