Amor é prosa, sexo é poesia [Livro]

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Amor é prosa, sexo é poesia, Arnaldo Jabor, RJ, Objetiva, 2004, 197 p., ISBN – 85.7302.644.8

amor-eh-prosaO livro é apresentado ao leitor através de 36 crônicas que se desmembram em 197 páginas, o que resulta em uma média de 5 páginas e meia para cada uma mas, na verdade, nenhuma delas tem esse número de páginas. Explico. Alem das páginas iniciais, para frontispício, sumário, oferecimentos, citações, etc., há um grande número de páginas em branco entre uma crônica e outra. Por quê? Bem, todas elas sempre começam em uma folha ímpar e, a grande maioria, termina em uma folha par, o que obriga haver uma folha em branco após aquela crônica. Então, na verdade, cada uma tem em média, 4 páginas. Mas isso não é uma desvantagem. Pelo contrário, vai tornar a leitura mais fácil e agradável.

Há altos e baixos, como é natural. Ninguém é monotônico mas, infelizmente, Jabor perde-se no meio do caminho e, uma obra que tinha tudo para ser um sucesso, teve uma repercussão fria ou, na melhor das hipóteses, morna. Este título também, assim como A menina que roubava livros, ficou longo tempo na minha estante, sem que eu lhe desse atenção. Tratam-se de crônicas do autor sobre o amor e o sexo, ou pelo menos, deveria ser.  Infelizmente, como já afirmei, o autor se perde pelo meio do caminho e, escreve sobre temas totalmente dissociados do assunto como política, por exemplo. O livro é bem interessante e sua leitura é agradável e fácil. Letras de bom tamanho, correção impecável do texto e, assuntos bem variados e polêmicos.

Destacam-se como as melhores, as crônicas Resposta a uma moça 50 anos depois, Os homens desejam as mulheres que não existem e, a que dá ao livro seu título – Amor é prosa, sexo é poesia, que foi baseado na letra de uma música de Rita Lee Amor e sexo.  A primeira crônica citada é a resposta de uma carta que o autor responde para uma leitora, que fora sua namorada platônica de infância e que, me inspirou a escrever sobre minhas primeiras namoradas. Em breve publicarei isto aqui no blog.

O autor é muito contundente, apresentando-se como um pouco revoltado com o pai, com o mundo, com a falta de amor em sua vida, talvez. Mostra uma visão do amor não tão original assim, mas diferente do que estamos acostumados a ver.  Alem do amor platônico,  ele fala também do amor homossexual, doentio, psicótico, transcendental e, até sobrenatural.

arnaldo-jaborArnaldo Jabor é bastante conhecido por suas crônicas na Rede Globo e na CBN. Nasceu em 1940 no Rio de Janeiro. É jornalista, cineasta, crítico de teatro e esteve envolvido com o movimento conhecido como Cinema Novo. Filho de militar, tem uma fez oposição ao regime militar pós revolução de 64. É conhecido pelo seu estilo irônico nos comentários que faz. Seu primeiro longa foi Opinião Pública, lançado em 1967, sendo dele o festejadíssimo Toda nudez será castigada (1973) baseado na peça homônima de Nelson Rodrigues. Sua filmografia é extensa e, na minha opinião, ele se saiu muito melhor como cineasta do que como escritor. Ganhador de muitos prêmios entre os quais, o cobiçado Urso de Prata do Festival de Berlim em 1973, pelo filme Toda nudez será castigada. Na literatura o autor estreou com Os canibais estão na sala de jantar em 1993 e, além destes dois, escreveu mais outros cinco, sendo o último lançado em 2009 intitulado Amigos ouvintes, no qual são apresentados comentários gravados pela Rádio CBN.

O livro é um ótimo passatempo mas, peca por algumas crônicas que fogem totalmente ao tema e que deveriam ter sido excluídas como, por exemplo, As confissões sinceras de um ladrão brasileiro e outras em que ele fala de política.

tres-estrelasMereceu três estrelinhas.

assinaturablog

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Sempre gostei de suas aparicoes 🙂 na TV, nao li este livro, mas gostaria… mas se vc diz que eh meio morno, ja nao sei se deveria ler… normamente, leio mais outro tipo de livros e em outros idiomas, mas creio que voltar a ler autores brasileiros seria bom! E este, eu admiro!
DenisesPlanet.com

Olá Denise. Agradeço pelo seu comentário. Se você admira o Jabor, creio que gostará do livro. Não falei que o livro era morno. Referi-me ao lançamento, à repercussão.

2 Comentários

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