Artetroversando – Dilson Ferreira da Silva [Livro]
Artetroversando – Só Trovas Somente – Dilson Ferreira da Silva
ARTEtroversando é o mais novo livro do poeta Dilson Ferreira da Silva, o dilsonpoeta (assim mesmo, com tudo minúsculo e junto) que teve seu lançamento neste ano de 2022. A edição foi da Editora Becalete, com 176 páginas, Prefácio de Alberto Valença Lima e Pósfácio de Maurício de Oliveira. Este é o nono livro lançado pelo autor. Como já diz o próprio título, é um livro só de Trovas. Ou deveria ser. Infelizmente, o autor não teve muito cuidado em relação a isto.
Sabe-se que a Trova é um poema composto por apenas quatro versos, todos heptassílabos, rimando sempre o terceiro verso com o primeiro e o último com o segundo. Tem que ter um sentido completo e não admite título. Consequentemente, isso significa que não pode haver continuação de uma Trova. Ela não admite algum poema posterior, que dê continuidade ao enredo tratado no primeiro. Se isso acontecer, ela passa a ser considerada uma quadra, e não mais uma Trova.
E por umas três ou quatro vezes, ao longo do livro, o autor comete este pecado. Dá continuidade à “história” de uma “Trova” com outra “Trova”. Em virtude de ele agrupar as suas “Trovas” em blocos de quatro ou cinco, torna-se arriscado isso acontecer, pois esses blocos de “Trovas” são de um mesmo assunto. Nada de errado até aí, se todas tivessem um fim no último verso. Mas isso não ocorre sempre. E ficou esta mácula.
Sobre o autor Dilson Poeta
Sobre Dilson já falei longamente na outra postagem que fiz neste blog Verdades de um Ser, a respeito de um outro livro dele que cito abaixo. Não vou falar novamente a mesma coisa. Mas quero aqui fazer uma citação de uma postagem da poetisa Aparecida Ramos no Recanto das Letras sobre este autor. Leia pois vale a pena conhecer o que ela falou a respeito dele. Para isso, deixo a seguir um link para esta postagem. “Dilson Poeta, prazer em conhecer“.
São dela as fotos do autor aqui publicadas sem pedir licença a ela. Caso a mesma se sinta prejudicada, é só me informar e excluirei de imediato as fotos desta publicação.
Mais uma falha em ARTEtroversando
Além desta falha grave, na minha ótica, há outras mais graves ainda em ARTEtroversando, quais sejam: Há algumas “Trovas” em que as rimas não são perfeitas, e outra falha, mais grave ainda, de alguns erros de gramática. Sejam de concordância ou de outro tipo de incorreção.
Infelizmente, eu não vi nada disso ao ler o embrião nas pressas e eletronicamente para escrever o prefácio. Ele me deu muito pouco tempo para isso. Sentindo-me pressionado, tive que fazer apenas uma leitura superficial, o que comprometeu o resultado. Agora, lendo com calma e atenção, constato estas falhas.
Mas, no geral, o livro é muito bom. Primeiro porque é composto por um único estilo poético. Isso, a meu ver, valoriza o livro. Principalmente, se este estilo é a Trova, o estilo mais antigo praticado no Brasil, e um dos mais ricos praticados no planeta. Como disse Jorge Amado, segundo nos informa o artigo da poetisa Silvia Mota no Recanto das Letras e a Wikipédia, “Não pode haver criação literária mais popular e que mais fale diretamente ao coração do povo do que a Trova. É através dela que o povo toma contato com a poesia e por isto mesmo a Trova e o Trovador são imortais.”
Pontos positivos
Conforme eu escrevi no Prefácio do livro, Dilson disseminou uma prática muito salutar, que segundo pesquisas que fiz, foi praticada também pelo Visconde de Taunay no seu romance Inocência, onde aquele autor sempre começava cada capítulo do seu livro com pelo menos uma citação de alguém famoso. Mas Dilson vai além, pois inicia cada poema, ou neste caso, cada página do livro, com uma citação, mesmo que não seja de alguém famoso. Esta prática já havia mencionado no outro artigo meu no qual fiz uma análise do seu livro anterior ARTEmanhas, que pode ser lido clicando no link anterior.
Apesar das falhas mencionadas, ainda continuo afirmando o julgamento que escrevi no Prefácio: “Dilson nos ensina “Labutando Trovas” a forma de apreciar um verdadeiro tesouro – uma peça de ouro incrustrada de brilhantes. (Alberto Valença Lima, in ARTEtroversando, p. 13)”
O fato de a peça estar um pouco arranhada, ela continua sendo de ouro, e com belos brilhantes incrustrados.